"Onde reinam intenções honestas,
mal entendidos podem ser curados
com rapidez e eficácia."

11 de abril de 2012

Sexta feira 13 - Protejam os Gatos Pretos

Amar o próximo como a si mesmo

A intenção era não postar hoje, mas como ficarei ausente alguns dias, farei uma pequena homenagem aos queridos gatos pretos.
Aqui na mansão, atualmente residem quatro pretinhos lindos (como os rajados, os cinzas, os amarelos, etc).
Fiona e
 Mimoso, representando os pretinhos da casa
Bobagem dizer que não entendo pessoas que sacrificam gatos pretos em rituais de magia, branca, negra, satânica, sei lá que outro tipo de covardias fazem com seres vivos.
 Entendo perfeitamente e, por entender é que fico mais chateada. Entendo que convivemos com pessoas pobres em intelecto, carentes de amor, corruptas, desejosas em levar vantagem em tudo e de todos e aí se prestam a fazer oferendas para deuses e diabos utilizando-se do sangue de inocentes.
Aí, a pergunta entalada na garganta, será que existem deuses que exigem sangue para darem algo aos seus seguidores?
O Deus que acredito é o Deus dos cristãos. Através de Jesus, o Profeta da Galiléia,  recebemos ensinamentos e mensagens há mais de dois mil anos e que são atuais, servem para qualquer ser humano.
 Não exigem nada além do que pessoas normais, tenham religião ou não,  podem fazer sem esforço.
 Palavras simples, como "Amarás o teu próximo como a ti mesmo", movem a fé cristã embora alguns digam-se cristãos e "odeiem" outros seres humanos ou animais. 
No cristianismo não há lugar para o ódio, apenas para o amor. 
O próprio decálogo não impõe nada que seja difícil cumprir.
E digo mais, se todos respeitassem apenas o oitavo mandamento, "Não furtarás", todos os outros automaticamente estariam sendo respeitados pois, não seria furtado o nome de Deus, sua onipotência e onisciência, a honra aos pais e mães humanas não seriam furtadas e entregues a quem não as merece, não matando, a vida de ninguém seria furtada, não praticando o adultério o amor e respeito não seriam furtados, não mentindo, ou fofocando sobre a vida do próximo a dignidade dele não seria furtada, inexistindo a cobiça, o furto também seria evitado.
Mas e o que têm a ver Gatos Pretos com isso?
Tudo, Jesus não disse amarás o teu próximo como a ti mesmo, referindo-se apenas aos seus conterrâneos e contemporâneos. Ele jamais fez acepção de pessoas, animais ou qualquer elemento da natureza embora para atingir a mente/consciência de alguns, parábolas necessitaram serem expressas para que o povo entendesse, dentro do contexto em que viviam.
 Penso que quando por inspiração divina, foi dito para amar como a ti mesmo, em primeiro lugar o ser humano deve amar-se e, consequentemente quem se ama, ama o próximo, cuida, protege e deseja a todos o que deseja a si.
Gatos pretos, brancos ou coloridos, assim como humanos pretos, brancos, vermelhos ou amarelos provém de uma mesma Mente única que não faz distinção e ama incondicionalmente.
Amemos pois incondicionalmente mesmo às vezes sendo difícil cumprir esse propósito e cuidemos para não furtar do próximo,
 se não desejarmos furtem algo nosso, 
seja material ou qualidades abstratas.

10 de abril de 2012

Síndrome do Pânico

Sofrimento inevitável - anos 1960
Sofrimento contornável - século XXI

Transcorria o ano de 1960, a menina de sete para oito anos, sentada numa sala, com mais ou menos cinco mulheres em luto fechado, acompanhando a mãe e a tia numa visita de pêsames, chupava calmamente um pirulito, quando de repente seu coração disparou, um aperto no peito fez-se presente, a língua parecia inchar, as pontas dos dedos amorteceram, 
-mãe estou morrendo, disse a menina.
As mulheres de preto acudiram e pediram socorro a um vizinho que prontamente levou mãe e filha ao consultório do médico da família, o pai logo chegou, informado do ocorrido pelo vizinho socorrista e, quando viu a filha no colo da mãe, não tendo ainda sido atendida, escancarou a porta e o médico pediu calma, pois estava preenchendo um atestado de óbito, ao que o pai aflito respondeu: estás aqui para cuidar dos vivos não dos mortos. 
Diagnóstico para os sintomas da filha: "faniquito" ou o atual "piti".
Alguns meses, ou talvez um ano depois a menina, junto com a tia e primos estavam desfrutando de um lindo dia em uma barragem, 
quando dentro da água os sintomas do primeiro "faniquito" novamente se manifestaram. Longe de qualquer ajuda médica, o carinho da tia resolveu o assunto, mas aos outros medos da menina, juntou-se o medo, não da água, mas da falta de chão.
Alguns anos passaram e, no final dos anos sessenta, início dos setenta as crises tornaram-se frequentes, sempre em sala de aula, quando a menina, agora já com quinze, anos saía da escola durante as aulas e corria sem olhar para os lados, os dois quarteirões que separavam a escola do escritório do pai, onde ao chegar, o "faniquito"  havia passado.
 Na cidade naquela época haviam dois ou três médicos que nada de errado encontravam na agora adolescente, mas por via das dúvidas 
a medicavam com "valium" e deixavam assim. 

E assim foi deixado até que a menina/adolescente/mulher/mãe, sempre sofrendo as consequências dos seus "faniquitos" ao ser tratada como hipocondríaca, maluca, briguenta, finalmente encontrou a ajuda que tanto procurou. Simples, um maravilhoso psiquiatra, medicação ajustada, terapia semanal e posteriormente quinzenal por dois anos. A medicação até hoje é usada pois o pânico da menina misturou-se com a depressão da mulher 
e a bengala se faz necessária.
Os pais estão perdoados, pois a classificação diagnóstica oficial de Síndrome do Pânico ocorreu apenas em 1980, quando o pai já havia partido, a filha já era mãe, a mãe avó, o casamento caindo aos pedaços, o sofrimento sempre presente juntou-se com a viuvez da mulher/mãe, aos trinta anos.
Então,  hoje não se tem mais desculpas para rotular alguém de maluca, briguenta, fiasquenta, a não ser que essa pessoa não queira tratar-se. Doenças psíquicas são mais frequentes do que se imagina e, já naquele tempo, século passado crianças sofriam, adolescentes fugiam, no caso para os braços do pai, mas em outros para as drogas, para o suicídio. Assim como hoje, síndrome do pânico não é doença da moda, é orgânica e precisa ser tratada para que o paciente tenha, mesmo que no terço final de sua vida na terra,
 qualidade e vontade de vida.
Pais, observem nas suas crianças e adolescentes e, presentes quaisquer sintomas diferentes do considerado normal em sociedade busquem ajuda, psiquiatras, psicólogos, espiritualidade, enfim respeitadas as crenças de cada um, não deixem o sofrimento 
fazer marcas em pleno século XXI. 


A partida de Rebostiana da Pá Virada

Estivemos conversando seriamente, Rebostiana e eu e concluímos ser melhor ela retornar para Fiofó do Planalto. Fretei um "teco teco" e ela foi feliz pois nunca havia viajado num "avião só pra ela" (e o piloto).
A decisão da partida foi tomada depois de muitas madrugadas conversando sobre os assuntos que ela desejava publicar aqui no blog.
Contando o que acontece em Fiofó do Planalto, pareceria estar contando o que acontece aqui em Carazinho e isso, embora fosse até interessante, poderia pegar mal, algumas pessoas ficariam melindradas e de melindres estou farta.
Combinamos, Rebostiana e eu, trocarmos cartas onde cada uma contará à outra as "atualidades" e também ao relembrarmos o passado, se for de proveito mútuo e não causar dor de barriga, poderá até ser publicado.
Algumas coisas ela pediu que eu contasse porque talvez ajude alguém que sentiu  ou está passando por algo parecido que é a Síndrome do Pânico.
 Outras coisas são alegres e quando ela comentou, dei uma enorme volta ao passado, mais precisamente ao fim da minha infância e início da adolescência e aí, ela  exemplificou: o sino da estação de trem que anunciava o retorno do pai que era caixeiro viajante, os bibelôs que ele trazia de presente, as noites insones quando adormecia apenas ao escutar o ruído da carroça do padeiro, o Alex que passava à cavalo, recolhendo os pedidos das donas de casa e mais tarde trazendo-as compras na carroça, direto do armazém do Sr. Kilim,  a caderneta e o "Diamante Negro", as bulas de medicamentos e o pavor do botulismo nas conservas e enlatados, os terríveis "trenzinhos" da matemática da Irmã Luíza e as aulas de "Artes Femininas" com a Irmã Raimunda, as aulas de química com o Irmão José, as reuniões dançantes em casas de amigas ou no 25 de Julho, embaladas por discos de vinil com Ray Conniff, Tijuana Brass, Jerry Adriani, Roberto Carlos, Renato e Seus Blue Caps. Os bons tempos dos cinemas da cidade, do bar/lancheria Dominique, da Selda, do esforço por ser aceita na "turma" das escolas católicas, sendo protestante.
Foi bom ter estado com Rebostiana esses dias, ela me fez ver o quanto ainda necessito de ajuda para encarar o presente e o futuro, mesmo que essa ajuda traduza-se em várias miligramas de paroxetina e um pouquinho de alprazolan.
Procurarei seguir a presente postagem como um índice para os textos, sugeridos pela velha amiga, que é comadre de uma amiga da tia de uma vizinha da minha bisavó e que foi apresentada  aqui.