"Onde reinam intenções honestas,
mal entendidos podem ser curados
com rapidez e eficácia."

28 de abril de 2012

Mimi, mais exploração...

Cá estou para mostrar mais um pouco da dura vida de um gato explorado.
Inverno chegando e os abusos reiniciaram.
Preciso repartir uma almofada com um cachorrinho, o Pícolo, 
um velhinho que a Beth acolheu fazem dois anos, 
ele deve ter uns quinze anos mais ou menos.
Esse fingido aí embaixo, deitado sobre a TV, 
fui obrigado sair ao meio-dia na chuva pra procurar 
porque o beleza havia saído e esqueceu de voltar.
- Ha, ha, ha,  Mimi, es um tolinho mesmo, 
eu ia entrar sozinho e não tenho medo de chuva, não sou de açúcar, tu pensas que és um herói? (disse Nino)
- Não me provoque gato dissimulado, 
 olha o que te espera lá fora... tens sorte que ela não abre a porta porque senão eu te chutava pra fora.
- Hi, hi, estou muito preocupado, até fechei os olhos pra não escutar tuas ameaças.
Espero que a minha querida namogata Nina, não veja esse post senão a coitadinha irá chorar com pena de mim, mas um dia a exploração termina (espero).
Ai, que saudades da Nina!

27 de abril de 2012

Dito pelo não dito

Sendo a frase acima de autoria de Mário Quintana ou não, ela diz tudo o que se tem enfrentado desde que as redes sociais por aí estão e a elas se adere.
É difícil lidar com os leitores quando se quer dizer alguma coisa, mas por razões de pontuação, tipo de fonte, negrito, sublinhado, ou não, cada um lê o que vê,  pensa que é, entende o que não é e assim relações são escangalhadas, amizades mal construídas são desfeitas, piadas fazem chorar e lágrimas fazem rir.
Percebe-se falta de diálogo "ao vivo" ou até por telefone, e mesmo as redes sociais oportunizando o bate papo por escrito "in box", a grande maioria conversa ao mesmo tempo com várias interlocutores e quando o assunto não é o mesmo, sempre alguém sobra e, muitas vezes, é quem mais precisa ser ouvido.
Aí, quando a coisa que se diz, desconfia que não foi propriamente dita, o estrago já está feito.
Mas, quando os sentimentos, descritos  nas três palavrinhas mágicas que faz tempo não escrevo por aqui,
Amor, Tolerância e Respeito,
são realmente praticados por todos, facilmente podem ser desfeitos todos os mal entendidos.
Nossa passagem pela terra é momento de aperfeiçoar nos, é aprendizagem, é desfrutar o belo, o bom e o puro. Tudo está à disposição, todos temos as mesmas qualidades e essas são eternas.
 Já os defeitos, estão conosco para serem corrigidos, as falhas para serem perdoadas e as diferenças, essas devem ser colocadas na mesa, com a urgência da vida, para evitar o dito pelo não dito, pontos finais  colocados onde deveria constar uma interrogação,  exclamação, vírgula ou quem sabe um ponto e vírgula... deixo aqui as reticências para serem pensadas.  

25 de abril de 2012

Pobre de novela - Claudia Laitano

Eles têm o dinheiro (e o uísque) mas não têm "finesse"

O texto abaixo foi publicado no Jornal Zero Hora de 21 de abril de 2012


     "O dólar sobe, o dólar cai, os juros sobem, os juros caem, mas a garrafa de uísque e o balde de gelo continuam sempre a postos - gelo de rico nunca derrete. A economia mundial pode dar piruetas, o Eike pode torrar toda a sua fortuna, mas rico de novela nunca amarrota a fatiota. Está sempre lá, do mesmíssimo jeito, tomando seu café da manhã de rico e subindo suas escadarias de mármore desde os tempos em que Glória Menezes era cocota. Para acompanhar as mudanças no Brasil, é preciso ficar de olho no pobre de novela, este, sim, afetado de forma mais evidente pelas flutuações sociais e econômicas da nação: quando o país vai bem, o pobre de novela vai melhor ainda.
     Depois de anos fazendo figuração, enquanto os ricos bebiam uísque e a classe média casava e descasava, a categoria, enfim, tomou conta do horário nobre. As duas principais novelas da Globo, Cheias de Charme e Avenida Brasil, têm empregadas domésticas como protagonistas e música brega como trilha sonora. Em clima de dramalhão, Avenida Brasil mistura bastidores de futebol, kuduro e até o inédito (em novelas) universo dos catadores de lixo para contar uma história  de madrasta má e vingança que poderia ter c omo pano de fundo os campos nevados da Rússia. São os detalhes que colorem a trama com o tempero da classe C ascendente tipicamente nacional. A família do craque que ficou milionário, mas que não quis sair do subúrbio, é pobre de novela com banho de loja: eles têm o dinheiro (e o uísque), mas não o "finesse". São gente diferenciada.
     É na trama leve e despretensiosa de Cheias de Charme que o pobre de novela está ganhando contornos mais interessantes. Na novela das sete, o retrato da classe C vai além da trilha sonora e do figurino e é a parte central do enredo, não apenas porque as personagens principais são empregadas domésticas, mas porque seus conflitos renderiam um breve tratado de sociologia brasileira. Há as fronteiras embaralhadas entre a casa grande e senzala da menina que não sabe se é da família ou se é empregada, há a dona de casa que batalha para sustentar sozinha a família e o marido encostado (brasileiríssimo...) e há também a patroa sem-noção que joga sopa na cara da empregada - o que rendeu uma cena de julgamento de ação trabalhista que deve ter sido a primeira do gênero na teledramaturgia brasileira.
     Nos Estados Unidos, a televisão ficou tão boa nos últimos anos, que muita gente tem dito que as coisas mais interessantes estão acontecendo por lá e não mais no cinema. No Brasil, parece ter havido o fenômeno contrário: quanto mais o cinema brasileiro superava a desconfiança do público, mais as telenovelas, gênero brasileiro por excelência, ficavam parecidas entre si e repetitivas.
     O trunfo na moderna telenovela brasileira, aquela que nasceu com Beto Rockfeller no final dos anos 60, sempre foi a habilidade de fazer o país se reconhecer na TV - mesmo que com narizes mais fininhos e pele mais clara. A alegre e consumista nova classe C, que salvou o Brasil da crise, pode também estar salvando as novelas brasileiras da mesmice e da perda de audiência. Mas isso a gente só vai descobrir nos próximos capítulos.

24 de abril de 2012

Dentista, passado e presente

Nasci numa família de dentistas. Tio avô, avô e primos. Adorava brincar de "dentista" no gabinete (antigo nome dos consultórios) do Opa (diminutivo para avô em alemão), instalado na mesma sala onde hoje escrevo no blog,  ou seja, na Mansão.
Não tenho fotos da época, então ilustro 
com algumas retiradas da net.
Coloquei a foto abaixo para mostrar a cadeira portátil, dobrável que Opa usava quando ia para o interior do município, fazer trabalho voluntário para os colonos. Algumas vezes a mãe e eu fomos junto, era diversão pura. Sendo trabalho voluntário, óbvio que honorários não eram cobrados, mas, no porta malas do carro, junto da cadeira vinham produtos coloniais, às vezes até galinhas vivas.
O gabinete do Opa era mais ou menos como o da imagem a seguir.
Naquela época os dentistas faziam tudo o que hoje ainda é feito, desde restaurações, tratamentos de canal, chamados de "matar o nervo", e que deixavam os dentes numa tonalidade cinza escuro, extrações e também eram  eles quem faziam as próteses móveis,  chamadas de "pontes móveis" quando eram poucos dentes e "chapa" quando eram dentaduras completas.
Meu avô era famoso pelas "chapas" que fazia. Ficavam perfeitas, difícil acreditar que os dentes não eram naturais. Trabalhou muito com ouro, as pessoas adoravam ter alguns dentes de ouro para mostrar "status". Com ouro ele fez além de dentes, vários aneis para a família, pendentes (geralmente cruzinhas).
Os instrumentos, ou ferramentas como eram chamadas, também são os mesmos usados antigamente, agora, com muitos acréscimos e tecnologia. A esterilização ocorria na cozinha da casa, onde eram fervidos numa panela com água sobre o fogão à lenha.
Opa era um ser humano com  um coração do tamanho do mundo. Sofria junto com os pacientes. Quando alguém chegava com dores e era impossível trabalhar no dente, sendo a pessoa do interior, ele hospedava o paciente em casa, medicava até poder trabalhar. Muitas pessoas aqui ficavam, durante todo o tempo das extrações e confecção da "chapa".
Recordei hoje esses detalhes porque estou em pleno tratamento dentário, para repaginar o sorriso. Não apenas esteticamente, mas por necessidade. Sempre tive pavor de dentista, acho que por assistir às cenas que muitas pessoas faziam, o choro das crianças, os desmaios dos homens. Assim, meus dentes estão necessitando reparos urgentes, inclusive com quatro extrações. Um dente já foi embora hoje e dos outros me livrarei nos próximos dias. Muito bom ter um dentista jovem, atencioso e competente num consultório moderno e aconchegante. Mas a anestesia ainda é feita com aquela seringa mostrada acima igual a que meu avô usava. 
Segundo Dr. Rodrigo a agulha é dez vezes mais fina (mas dói). 

22 de abril de 2012

Meu desejo

E por que não?

Chegará o dia em que poderei abrir a janela, emoldurada por cortinas simples e olhar o verde.
Renovar as flores no potinho de geleia pendurado numa árvore.
Estar na cozinha preparando as "comidinhas" que gosto, tomar um café com bolo de bananas, entre os móveis que são do meu jeito...
Estender a roupa no varal ao sol.
Continuar amando as brincadeiras dos cachorros ao ar livre!
Ao entardecer sentar na varanda ouvindo os pássaros,
 ler, tomar um chá.
E, depois de um dia cheio de leveza deitar na cama em paz.
As imagens são perfeitas, mas falta o principal, a "parceria" de todas as horas, os queridos cães e gatos que
 são parte da minha vida.
Não importa onde, quando e nem como, poderei ter uma casa para chamar de minha, mas uma certeza tenho, para ser meu lar é preciso simplicidade e vida.