"Onde reinam intenções honestas,
mal entendidos podem ser curados
com rapidez e eficácia."

9 de dezembro de 2011

Panos e Gatos

Zóio, guardiã dos panos
Precisei interromper a garimpagem das fotos dos natais dos anos 90 porque foi um dia muito corrido, com pessoas estranhas dentro de casa, ampliando a segurança com nova central de alarmes monitorado porque a a insegurança anda rondando e meus cães de guarda dormem feito anjinhos.
Evitando ficar sem fazer nada, resolvi abrir a máquina de costura, pegar alguns panos que recebi de voluntárias da ACAPA, faz quase um ano e colocar os neurônios para funcionar e fazer algo que renda alguns R$ para os cães e gatos abrigados na associação.
Ainda não decidi o que será feito, mas durante o final de semana alguma ideia brilhante certamente surgirá. Sendo para o bem dos fofuchos da ACAPA, certamente São Francisco dará uma forcinha.
Cisquinho deitou-se sobre uma das caixas de aviamentos
enquanto eu tentava costurar algumas tiras a mais na base que está sobre a mesa.
Fui obrigada a desistir porque estava correndo o risco de "decorar" os panos com um certo rabo.
E também, a cara de poucos amigos do indivíduo bigodudo causou-me um pouco de medo. Melhor deixar para amanhã.
Enquanto escrevo, Francisco dorme sobre o monitor,
Bina ao lado da mesinha,
 Nausy embaixo,
 Fi na poltrona
Pícolo no meu colo
e Pudim sobre a cadeira "vintage" que a Nausy está reformando, lixando com os dentes.
Francisco mudou a posição acho que para miar: "chega por hoje"!

8 de dezembro de 2011

Natal antes da "era garrafas pet"

Eram lindos os natais antes da invasão dos produtos natalinos artificiais.
No início de dezembro as mulheres e crianças da família reuniam-se e munidas de receitas e ingredientes simples como farinha de trigo, manteiga, açúcar, ovos e fermento mais as tigelas, medidores, balanças de cozinha, cortadores com formas especiais, assadeiras e um bom forno que poderia ser a lenha ou a gás e no final do dia, já confeitadas, enchiam-se latas com as deliciosas "bolachinhas de natal" que só poderiam ser degustadas a partir do dia 24 de dezembro.
Naquela época a decoração das "bolachinhas de natal" era simples, a mãe batia o merengue (claras em neve com açúcar) manualmente. A alegria das crianças era ajudar na decoração e "limpar" as tigelas e batedores do merengue.
Atualmente encontra-se doces com o mesmo formato dos antigos, muito bem decorados, parecendo obras de arte que acho lindas mas para meu paladar, ou saudosismo, prefiro as simplesinhas, apenas com um merenguinho básico, branco e com algumas bolinhas coloridas polvilhadas por cima.
A foto abaixo é meramente ilustrativa, mas era mais ou menos assim a atividade do dia 23 de dezembro.
 Era o dia de montar a árvore de natal.
Engraçado, lembro dos natais da minha infância e sei que na adolescência tudo permaneceu igual, mas não lembro de ajudar nas atividades preparatórias (só interessavam os presentes).
 Lembro que cedo na manhã do dia 23, a mãe dirigia-se até a casa de uma senhora, que plantava pinheirinhos no seu enorme quintal, e ambas serravam a árvore escolhida dias antes e essa era trazida para nossa casa.
Havia uma lata grande na qual era colocada a árvore que geralmente tinha a altura de mais ou menos dois metros. Para acomodar o tronco eram colocadas pedras ao redor para que permanecesse firme e um pouco de areia no fundo. 
Como nossos "pinheirinhos" eram pequenas araucárias, imaginem como ficavam as costas e braços das pessoas que erguiam e fixavam a árvore, de espinhos implacáveis, na lata.
Passo seguinte: a decoração. A mãe guardava os enfeites do pinheirinho com tanta cautela que eles permaneceram entre nós até os anos 90 do século XX. Eram enfeites de vários formatos, quebravam com a mínima pressão. Mas, eram tantos que as "quebras" não eram muito relevantes (será?). 
Antes do advento das luzinhas "made in China", várias velas pequenas, com seus suportes que pareciam mãozinhas eram utilizadas e o efeito era maravilhoso.
Finalizado, nosso Pinheirinho de Natal ficava mais ou menos assim (foto ilustrativa retirada da net).

Sempre fui fascinada por presépios e colocava toda criatividade e esmero ao montá-los. Infelizmente não tenho fotografias para mostrar. Eram feitos caminhos com areia, cerquinhas de madeira delimitando o espaço desde o pinheirinho até a lareira onde o presépio era colocado.
O último natal em que tivemos um pinheirinho natural foi em 1993. No ano seguinte comprei o primeiro artificial, mas os natais dos anos 90 terão que aguardar a localização das fotos.

7 de dezembro de 2011

Papais Noéis e Paipai Noel

Estive pensando, cá com meus botões, quanta diferença das festas natalinas da minha infância com as atuais.
No início da segunda metade do século XX, minha infância em Carazinho, cidade na época de no máximo 20.000 habitantes (estou chutando porque não encontro dados oficiais),  penso que eram menos porque todas as pessoas se conheciam, de um modo ou de outro.
Ah, Papai Noel, o Bom Velhinho, quanta diferença entre a segunda metade do século XX (quando nasci) e o século XXI. Papai Noel era um só e aparecia apenas na véspera do Natal, ou seja, no dia vinte e quatro de dezembro. Era recepcionado ao entardecer pela população concentrada em frente a mais famosa e "única" Bombonière e Confeitaria da cidade. Desfilava em um automóvel conversível, acompanhado por uma acordeonista que também cantava, tudo isso sem as insuportáveis "caixas de som". 
Aos cinco anos, questionei mamãe porque o pai viajara justo naquele dia e não estaria conosco em casa quando o Papai Noel chegasse para a distribuição dos presentes. A ausência dele deixou-me chateada. A resposta da mãe foi que ele viajara a trabalho e que no outro dia retornaria. 
Durante as brincadeiras da tarde do dia 24 de dezembro de 1957 comentei com minhas amiguinhas que sentiria falta do pai na comemoração do natal. (Situando os leitores, estou de vestido branco.) 
Eis que, dois amiguinhos, coleguinhas de jardim da infância, esses dois moleques sentadinhos com carinhas de anjinhos, no início da primeira fila (na foto abaixo) no dia do encerramento festivo do ano letivo, com distribuição de doces e brinquedos às crianças, ouviram nossa conversa e vieram os dois chamar-me de boba, burra etc., como é que eu não sabia que aquele homem vestido de Papai Noel era meu pai? Caí em prantos e corri para cobrar da mãe o que os meninos estavam dizendo e ela, muito perspicaz, ligou o rádio onde casualmente estava sendo veiculada uma entrevista com o Papai Noel e, como ele era um Noel muito cuidadoso modificava além da aparência também a voz, colocando duas rolhas entre os dentes e as bochechas (isso soube anos depois), não reconheci a voz como sendo do pai.
Chorei à tarde imaginando que meu pai era mentiroso e fantasiava-se de Papai Noel mas, o Carlinhos e o Ricardo choraram muito mais à noite, quando vieram até a nossa casa, a pedido do Papai Noel e esse os chamou na frente de todos e passou-lhes um belo sermão e os dispensou sem receberem os costumeiros presentes. Lógico que mais tarde, já em suas casas o Papai Noel entregou os presentes sem sermões, apenas alegria.
Na foto acima temos o automóvel Cadillac, conduzido por seu proprietário que em poucos anos tornou-se prefeito da cidade por dois mandatos, Selda, fora do carro, proprietária da Bombonière e Confeitaria Selda (tenho outras histórias para contar sobre esse local, já nos anos 60) e Carmem, hoje desembargadora aposentada do TRT RS e na época professora de acordeon e canto.
Pois é, nos natais da minha infância Papai Noel era único, não aparecia nas lojas desde o início de novembro e a decoração natalina restringia-se ao interior das residências, prédios públicos e igrejas. 
A magia ainda existia, hoje a maioria das crianças está confusa quanto ao personagem Papai Noel, vulgarizou-se o Bom Velhinho...
Essa é a primeira parte da história de natais e tratou de Papai Noel a próxima será sobre as árvores de natal, seus enfeites e presépio.