"Onde reinam intenções honestas,
mal entendidos podem ser curados
com rapidez e eficácia."

14 de julho de 2012

Foi mas voltou!

Em minha trajetória alguns móveis marcaram muito e, 
a cômoda abaixo é um deles.
Ela ficou cinco anos "morando" na casa do filho noutra cidade e ontem estando eu com eles a nora comentou que quando desejasse poderia devolvê-la à mansão. Fiz"olhinhos pidões" para o filho e ele colocou a cômoda em sua camionete e viemos os
 três, felizes para a mansão.
A mãe sempre insistia em dizer que ela (a cômoda) era feita em madeira de lei, resistente e que não "acabava nunca".
Já resistiu sessenta e seis anos, muitas mudanças, inclusive para outro Estado, em estradas muito precárias 
e permanece impávida em sua estrutura.
atrás (selo do fabricante)
É um móvel grande, mede um  metro e trinta centímetros de altura, um metro e quinze centímetros de largura e suas cinco gavetas têm quase sessenta centímetros de profundidade.
Foi feito sob medida, em 1946 para guardar o enxoval do meu irmão, primeiro filho do casal Antoninho e Lilly,
 o Egon Elias (saudades).
festa de um aninho do Egon
Com o passar dos anos, a "Cômoda" como era chamada, foi guardiã de vários objetos, geralmente roupas de cama, cobertores e muitos tesouros como fotografias, caixinhas, cartas, primeiras roupinhas das crianças, revistas, muitas coisas que já foram mostradas aqui no blog, sem mencionar a "guardiã" que estava ausente da mansão.
Pois bem, agora retornou e ficará na fila de espera, dos projetos em construção, como o roupeiro e a Tilda Costureira.
Minha ausência no blog e nos blogs amigos deve-se ao frio intenso que está fazendo nos últimos dias e, nos próximos, ficarei sem funcionária nas lides domésticas pois o filho da Ana ontem caiu, quebrou o bracinho direito e será hoje submetido a cirurgia e precisará do colo da mãe até passar o susto. 

8 de julho de 2012

Duelos Verbais

Duelos verbais foi o título que Martha Medeiros deu à crônica escrita por ela e publicada no jornal Zero Hora do dia 24 de junho de 2012. Após assistir ao filme "Deus da Carnificina", a cronista assim descreve e comenta sobre o que viu e sentiu:


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     "A história: dois garotos de 11 anos brigam por bobagem num parque, e um deles acaba atingindo o outro fisicamente. O filme mostra, do início ao fim, a visita que os pais do agressor fazem aos pais do menino agredido. Tudo muito cordial e civilizado, até que as máscaras da hipocrisia vão caindo uma a uma, e o barraco se instala. E que barraco, senhoras e senhores.
     Dois casais que não se conhecem, fechados num apartamento. Uma chatonilda politicamente correta, um viciado em trabalho que não desgruda do celular, uma mulher controlada que muda de personalidade após dois goles de uísque e um desencanado que gostaria de estar em qualquer outro lugar, menos ali - com qual deles você se identifica? Um pouco com todos, não há escapatória.
     Assim que o filme termina, fica evidente: como somos patéticos, tanto na civilidade quanto na baixaria, tanto sóbrios quanto alcoolizados. E contraditórios: julgamos mal uma pessoa por causa de uma única frase, e dali a minutos voltamos a simpatizar com ela por ter concordado com algo que dissemos. Fazemos um dramalhão por pequenas coisas, expomos carências infantis, perdemos a compostura, fazemos confissões íntimas a estranhos - que meleca.
     Lá pelas tantas um deles se pergunta: por que as coisas não podem ser mais simples: Ah, é tudo que se quer. Foco, objetividade, ir direto ao ponto. Mas quem consegue? À medida que o filme avança, a situação torna-se tão sem controle que a plateia começa a rir, e é essa reação que deveríamos ter dentro da nossa própria sala, não só na sala do cinema. Rir do nosso delírio de levar a ferro e fogo situações banais, da nossa insistência em querer causar uma boa impressão, de nos comportarmos como se estivéssemos num tribunal. Qual o propósito de tamanho desgaste, se as coisas solucionam-se quase sempre por si mesmas?
     Na saída do filme acompanhei sem querer a conversa de um casal: ela havia amado o filme, o marido havia odiado. E instalou-se a discussão pelos corredores do shopping. Ela tentando convencê-lo da genialidade das cenas, ele se permitindo achar tudo uma aporrinhação. Ela frustrada com a falta de concordância dele, ele cansado da ladainha dela, sem reparar que estavam, ambos, dando continuidade ao roteiro.
     Patéticos, nós todos. Cada um defendendo suas razões como se disso dependesse a nossa sobrevivência. Ninguém se conforma com sua solidão interna."