"Onde reinam intenções honestas,
mal entendidos podem ser curados
com rapidez e eficácia."

13 de abril de 2013

Minina escremiando*

Todos sabem que eu, Minina, moro num apartamento com sacada, coisa mais linda. Meus companheiros são a Kita e o Lelo. 
Nossa funcionária, a Beth, desde o dia em que aqui cheguei, sempre me protegeu porque os gatos da Hauskatzen tinham a mania de me cheirar e não gosto de intimidades. Pensando que os "cheiradores" me batiam, ela ficou com pena e fui morar com a Kita, o Lelo e o Belo, lembram do Belo? Ele passou a Ponte do Arco Iris faz pouco tempo. Com ele nunca briguei.
Na terça-feira passada, o Lelo me irritou muito e eu dei uma bela duma sova nele. 
A gritaria foi muito grande e a nossa funcionária subiu correndo porque pensou que eu estava apanhando.
Logo me pegou no colo e eu toda faceira, ronronei bastante até que ela decidiu me levar para baixo, ficar com ela na sala da frente. Mas, como agora a Pudim e a Bina (duas caninas) ficam lá com ela, não gostei da proposta, só fiquei porque ela deixou que ficasse em cima da cômoda/museu e presentes.
É bem legal lá, tem muita coisa e encontrei um cantinho, atrás da casinha do passarinho gordo que ela nem mostrou para vocês quando terminou de costurar. Ele é bem quietinho e mansinho.
Esfreguei meu rostinho em todos os cantinhos do telhado da casinha  para deixar meu perfume maravilhoso marcado. Lembram do gatinho japonês que ela ganhou da Sandra Mitsue, mamãe da Nina, do blog Denguinho da Nina, ele está do meu ladinho e bem pesado, cheio de moedas que ela está guardando,  acho que  para ir até o Japão. 
Sintam na minha expressão como sou coitadinha, hehehe... finjo que dá gosto. 
Também, quando era bebê fui judiada, perdi metade do rabo, me largaram numa noite de chuva aqui e precisei ficar escondida no meio da cerca viva por quase doze horas. Aprendi dissimular.
Esqueci de dizer que a Nina é namorada do Mimi, o gatão dono da casa e, na caixinha com a bonequinha ele esfregou sua carinha no cheirinho da Nina. Agora é o meu cheirinho que está ali.
Sabem que tenho uma madrinha super legal, ela também tem um blog,  é a dinda Eve e ela tem uma gatinha, a Tixa que também teve o rabinho machucado quando era bebê.
Não gostei de ficar na sala da frente, pedi para a Beth me levar para o meu apartamento porque lá tenho mais privacidade, sem cachorros ao meu redor. Não precisam preocupar-se pois quem reina absoluta lá sou eu.

*Escremiando - escrever miando

11 de abril de 2013

Passeando no passado

Depois de percorrer o mundo todo, alguns continentes mais de uma vez, seu desejo era visitar o lugar onde nasceu.
Fui escolhida para participar do passeio 
que há muito eu pretendia fazer.
Primas de gerações diferentes mas com interesses 
e gostos muito semelhantes.
Ônibus foi o meio de transporte utilizado para nos levar até Engler, um pequeno vilarejo, distante setenta quilômetros de Carazinho.
Após a primeira curva da estradinha de chão batido,
 a intuição da prima
nos levou a encontrar o "homem do mel e das rosas"*. Sim, ele existe, tem nome e família e um coração amável,
 raro encontrar nos dias de hoje.
Pensávamos rever os lugares, presos na memória da prima, caminhando, mas não imaginávamos que as distâncias entre uns e outros fossem tão grandes. 
Pois, o "homem do mel e das rosas"* dispôs-se a interromper a coleta de mel e a poda das roseiras por algumas horas e se fez cicerone das descendentes da família, ela filha do menino que estava na barriga da mãe e eu neta do menino
 em pé entre pai e mãe. 
Do acampamento, em poucos anos a casa foi erguida com muito amor, onde os  filhos cresceram, casaram, os  netos chegaram e todos, parentes e amigos sempre foram recebidos com muito carinho e fraternidade. 
O casal, Herman e Elisabeth estiveram casados
 por quase cinquenta anos, 
quando ela, em 1947 faleceu.
Ele, viveu ainda sete anos e em 1954 partiu para encontrar a mãe de seus filhos no plano espiritual.
Seus restos mortais estão guardados lado a lado, no cemitério cujas terras pertenciam à família e dista apenas mais ou menos quinhentos metros da antiga morada.
Mas, deixo meus bisavós descansarem, passeando no plano etéreo e retorno ao presente, até o terreno onde a laranjeira, plantada pelos pais da prima, mantém-se imponente e repleta de frutos, embora a casa onde ela nasceu já não exista.
Aqui, a prima abrindo a porta da igrejinha onde foi batizada e confirmada na fé Evangélica Luterana, no final dos anos 1940, 
como comprova a placa com o ano da inauguração.
Impressionou-me ver as árvores de camélias, plantadas pela minha bisavó materna ontem, em pleno outono nos brindando com lindos botões semi abertos.
As palmeiras, também plantadas pela família permanecem imponentes no pequeno oásis sobre a coxilha, já sem a casa, rodeado por lavouras de soja, não mostradas aqui por não fazerem parte da nossa história familiar.

* "homem do mel e das rosas" - seu nome é Wilson e mesmo nós sendo duas desconhecidas, apenas nos apresentando como descendentes dos Genehr, foi de uma gentileza ímpar e não fosse sua disposição em ajudar, nosso passeio seria frustrante pois de onde desembarcamos do ônibus até o cemitério, seria muito difícil fazer a pé e retornar no mesmo e único ônibus que ali nos deixou, duas horas antes.