Olá pessoal, vocês já me conhecem, sou Julica irmã do Jiló,
aqueles dois maninhos que foram deixados aqui
nesse "jardim" para sermos cuidados.
Nós adoramos morar aqui, passamos o dia todo brincando, caçando borboletas, latindo para quem passa e também para os passarinhos. Quando anoitece somos levados no colo para nosso quartinho lá no andar de cima da casa onde temos caminhas bem legais, nossa ração, água, o banheiro e alguns brinquedos.
Estamos preocupados porque os dias estão ficando mais curtos e frios, o sol nasce fraquinho e vai dormir cedo, então resolvemos fazer um buraco para dormir quando chegarem os dias muito frios, nossa mamãe contou, enquanto ainda estávamos com ela,
que os nossos ancestrais faziam buracos para dormir e se proteger.
Como umas pessoas más nos roubaram da nossa mamãe antes de terminar a explicação sobre os buracos, imaginamos que deve ser assim como estamos fazendo.
Eu não gosto muito das brincadeiras do Jiló, ele adora me colocar em situações delicadas.
Ele disse que precisamos levar algumas coisas para dentro do buraco e pegou o jornal de domingo (que chega no sábado), rasgou quase todo e queria que o ajudasse levar os pedaços para o buraco.
Mas não ajudei porque sei que nossa mãe humana ainda não leu então ele fez tudo sozinho.
Quando ela veio nos buscar e levar para dentro de casa, viu a bagunça que meu irmão Jiló fez.
Coitada, só sobraram inteiras algumas folhas, uma parte que se chama "classificados", aquela parte onde escrevem coisas da televisão e ouvi ela contar para os gatos que pelo menos a crônica da Marta Medeiros ficou inteira.
Vejam só como o Jiló é malvado comigo, ele me morde as orelhas,
e puxa minhas patinhas e eu até rezei para São Francisco quando ele esteve doente para que ficasse bom logo.
Minha vida é muito difícil aqui.