"Onde reinam intenções honestas,
mal entendidos podem ser curados
com rapidez e eficácia."

26 de maio de 2012

Mansão

Mansão querida, tentei manter-te em pé, mas fui vencida por idéias diferentes das minhas.
Para mim tens alma, para outros és só pedra.
Talvez por ter morado aqui por mais tempo que qualquer outra pessoa que por aqui passou, sinto-me entranhada em tuas paredes.
Estás velha, necessitas algumas cirurgias vasculares e outras plásticas e uma pessoa pensou em fazer isso. Enfrentou alguns dissabores, para que ficasses em pé mas, quando $$ falam mais alto os corações se calam.
 A lareira na sala grande, cenário para a noiva mais linda da família, que casou quando eu era recém nascida, 
foi protagonista em muitos invernos, aquecendo-nos e motivando até um chamado aos bombeiros pois o Tiago exagerou na lenha e o picumã da chaminé incendiou, fazendo com que nuvens de fumaça saíssem como que do telhado, mas foi apenas o susto. 
As festas de aniversário da Aline e Tiago sempre realizaram-se aqui. Esta foi no terceiro aniversário da Aline que está com o vestidinho xadrez com branco. Dentre estas, aqui crianças, hoje duas são médicas, um agrônomo, um brilhante advogado, duas donas de casa, dois não recordo e também, duas são lindas estrelas brilhando no céu: Daniela Zir e Fabiano Metz.
Linda recordação, também na sala grande, no dia do batizado do Tiago. Luiz, Aline linda como sempre e Tiago, chorãozinho amado, dormindo no meu colo.
Primeiro aniversário do Tiago. Em todos os aniversários aqui, desde a decoração aos doces e salgados tudo feito em casa, por mim com a preciosa ajuda da vó Lilly, da comadre Ria e sempre com a companhia da Tante Inge, servindo o chimarrão.
Segundo aniversário do Tiago
Assim como pessoas queridas presentes nas fotografias já estão junto aos espíritos de luz, e a araucária imponente virou lenha, tu mansão amiga também em breve darás lugar a um (perdoem quem pensa diferente) horroroso prédio, onde as pessoas apenas passarão, mas não darão vida às habitações, onde os vizinhos não se conhecem e evitam contato, enfim onde não mais crianças correrão no quintal, amoras não mais serão colhidas, nem as laranjas, os limões e as pitangas.
 Os bem te vi, as pombas, os sabiás laranjeira, os pardais e até as lesmas terão que procurar outro lugar para morar.
Ah! e eu também.

25 de maio de 2012

Adoção - Escolhas

Hoje, dia 25 de maio, é o Dia Nacional da Adoção (de humanos). 
Afirmo que tendo condições financeiras e psicológicas, aliadas a idade compatível, adotaria pelo menos duas crianças, irmãs de preferência mas, sem importar-me com a idade, cor ou sexo.
Pena que quem deseja adotar um gatinho não pense assim como eu. Importam-se com idade, cor, sexo e a maioria, também com a raça. E pretendem adotar sem terem condições financeiras, psicológicas e sem a mínima noção das necessidades de um gato.
Quem conhece gatos, já deve ter percebido que é melhor adotá-los adultos quando a personalidade já está formada. O lindo gato preto/prateado abaixo, é lindo mas quando nasceu era tenebroso. Sua cabeça era maior que o corpo e todos apostaram que "não vingaria". Pois aí está, pesando mais de seis quilos, possui uma "juba" que aumenta no inverno e praticamente some no verão. Mas, é uma fera portanto não serve para lares onde há crianças.
Os três filhotes, têm quatro meses, são mimosos como os pais,  mas não são tão lindos e já são filhotões, portanto não muito desejados para a adoção.
Lindos os amarelinhos não acham? São irmãos com personalidades diferentes. O amarelo peludo é muito querido, anda atrás de mim por onde vou e adora colo. Já o amarelo e branco não gosta de colo e prefere isolar-se.
O Frajolinha, olhinho de pirata é muito querido mas tem um "defeito" no olho e seu irmãozinho é um gatinho dos mais comuns mas é um doce.
Oh! Que linda esta tricolor! Sim, ela é muito linda mas completamente selvagem. Esconde-se e agride quem se aproximar.
Já essa mãezinha, lembram? Quem conhece o blog há mais tempo sabe que ela é a Mitinha, mãe do Tilli, aquele amarelinho que andava sempre no colo, no bolso, brincalhão (morreu ainda bebê). Mas, o assunto agora é a Mitinha. Ela faz parte do grupo da "adoção em massa" que fiz em 2006 retirando oito gatos adultos de um abrigo miserável. 
Mitinha é uma das gatas mais carinhosas, ronronantes e falantes que conheço. Mas, numa briga teve o olho esquerdo ferido e passou a ser o "saco de pancadas" das outras gatas (todas castradas). Com isso, há alguns meses ela sumiu. Quarta-feira, às quatro horas da madrugada, o alarme da "mansão" disparou,
 o patrulheiro veio até aqui e nada de estranho foi visto. Meia hora mais tarde, novamente o alarme aos berros, acordou a rua toda e fez com que dois patrulheiros se apresentassem, procurando o possível invasor da mansão. Já imaginando ser um felino intruso a ultrapassar as barreiras, informei aos monitoradores que não era nada demais e deixei os sensores desligados. Logo depois escutei o miado da Mitinha, sim, conheço o miado de todos os meus gatos, e eis que a danadinha estava aproximando-se da porta,
 mal conseguindo andar. Peguei-a no colo e iniciou-se a sessão ronron e miadinhos carinhosos. Estava magérrima e percebi que seu quadril estava deslocado e no baixo ventre senti algo muito duro, parecendo ser um osso. Ofereci um sachê de ração que foi devorado em segundos e água fresca que ela tomou também. Ajeitei uma caminha confortável, num quarto isolado, deitei-a e voltei dormir.
Observando bem nas fotos, percebe-se o deslocamento do quadril em torno de três centímetros de assimetria. As patinhas traseiras praticamente se cruzam e ao caminhar, às vezes ela perde o equilíbrio, mas seu intestino e rins funcionam perfeitamente.
Acredito que tenha sido atropelada ou recebido um coice de algum cavalo humano e escondeu-se
 por todo o tempo em que esteve sumida.
Percebem como é difícil a adoção, principalmente para o adotado e mais ainda tratando-se de gatos. Para estes a  lei é muito branda  visando sua proteção, não há fiscalização eficiente, inexiste Conselho Tutelar ou Ministério Público que os ampare. Quando incomodam são atirados nas ruas e quando adoecem geralmente são sacrificados.
Aí se instala o dilema da escolha do adotante para os indefesos animais. A grande maioria dos candidatos a tutores só não contam os pelos dos animais por ser impossível, mas tentam sempre escolher os menores e mais bonitos. 
Pretendi dizer aqui, nas entrelinhas, que de nada serve o gato ser lindo, filhotinho, pelos longos. Conhecendo gatos como conheço, lendo e vendo as fotos, se pudesse escolher, apenas através do texto e das imagens, com certeza escolheria Mitinha para adotar. 

23 de maio de 2012

Carinho dos "desconhecidos"

Sei que sempre faltará alguém no atrevimento de agradecer nominando as pessoas. Mas, tenho recebido tantos comentários amáveis e solidários que tentarei agradecer aqui especialmente a Gisa, Lígia, Nina (Sandra), Marília, Cris, Laís, Néia, Cristina Bortoli, Ivani, Lenira, Patrícia..., e todos os outros que comoveram-se com os dois relatos recentes de fatos muito desagradáveis que por aqui aconteceram.
Infelizmente fazem parte da nossa caminhada aqui na terra passar por momentos desagradáveis mesmo quando tudo parecia estar encaminhando-se para a felicidade plena.
Passei vários dias com uma "bronco qualquer coisa" que deixou-me debilitada, mas por outro lado muito feliz por poder estar na casa da filha, mesmo ficando pouco tempo juntas,  o beijinho de "boa noite" muito ajudou.
Quinta-feira, feriado em Novo Hamburgo, interrompi o "repouso" e fui brindada com uma tarde maravilhosa em companhia da única amiga blogueira que conheço pessoalmente, a querida Eva do "Puxe a cadeira e sente!".
Soará estranho o que escrevo agora. Graças a Deus, aos deuses, às fadas ou às borboletas, não fiquei para abraçar a maravilhosa  Rosana Sperotto, do blog Amém Mandalas e Manualidades que aniversariou dia 20.
Imaginem se mais um dia eu ficasse ausente o que encontraria em casa além de tudo que mostrei nas duas postagens anteriores? Por isso, agradeço não ter podido abraçar Rosana. Mas, sua voz já conheço, nos falamos por telefone.
No meu pequeno universo blogueiro com 71 seguidores, encontram-se as pessoas que atualmente estão fazendo valer a pena ficar por aqui, meus queridos "desconhecidos".

22 de maio de 2012

Filhotes - a partida da Gorda

Gorda querida, nome esquisito que recebeste, nem gorda eras.
Chamei-te assim porque sabia que pouco tempo ficarias comigo.
Serias doada para alegrar outra família e receber o carinho merecido.
Mas, não quiseste esperar e partiste com apenas quatro meses, sem ao menos dar tempo de descobrir qual o mal que te levou tão rapidamente.
Mas, foste muito amada enquanto aqui estiveste. Brincaste muito como todo filhote tem o direito. Tinhas boa alimentação, água e cama resguardada do frio e do calor. Teus maninhos, Guri e Garoto continuam felizes, brincando, parece que tua partida foi algo natural para eles.
Aí está a grande diferença e sabedoria dos animais. A vida continua, tanto aqui quanto além da ponte do arco íris. Se encontrares uma cadela linda, de pelos longos cor de mel, chame-a de Ursa, pode ser nossa querida princesa que há três anos nos deixou depois de muito nos alegrar.
 Mimi está chateado, preocupado em não ter cuidado direitinho de ti enquanto eu estava viajando. Mas, já falei que a culpa não é dele pois ele estava proibido de sair pra fora de casa enquanto eu não retornasse.
 
Gorda amada, lembraremos de ti como uma filhotona muito carinhosa,  com a mesma personalidade calma e gentil da tua mamãe Leona.
Muitos filhotes, cães e gatos já passaram por meu cuidado e partiram precocemente. É muito desagradável pois até hoje nenhum recebeu diagnóstico preciso como causa da morte.
Fiz o possível, fiquei com a Gorda no colo ontem à noite até tarde, obriguei-a tomar soro caseiro com seringa, medicação anti tóxica, enfim o que estava ao meu alcance.
Restam as lindas fotografias que tenho para recordar e as imagens desde seu nascimento que guardo no coração.

21 de maio de 2012

Desabafo com Rebostiana

Andei ausente por vários dias, primeiro tratando uma bronco qualquer coisa, que deixou-me sem forças, com dores e sibilante como uma cascavel.
 Depois, descansando na casa da filha e ontem, depois de almoçar e passear por El Paradiso em Morro Reuter,
 retornei à Mansão.
Ao desembarcar do ônibus, passava da meia-noite e aqui nesta cidade esquecida, táxi é artigo raro. Foi necessário quase arrombar a porta do abrigo dos motoristas para que alguém saísse dos braços de Morfeu e atendesse aos meus apelos.
Já na mansão, abri a primeira porta e os latidos das cadelinhas ressoaram para meu deleite... muita falta fazem essas pitoquinhas de quatro patas.
Ao abrir a segunda, iniciou-se o festival de pulos, latidos e lambidas e também a visão do caos pela casa.
Não deixei os animais abandonados, antes tivesse deixado, pois surpresas não teria.
Devo ter morrido de sede no deserto em outras encarnações pois preocupo-me em que os cães e gatos tenham  água em abundância. Pois, pasmem, ontem o deserto era aqui. Nenhuma gota nos potes embora ração transbordasse em todos.
Não me contive, precisava desabafar e naquele horário, a única pessoa que me daria ouvidos certamente seria a Rebostiana. Imediatamente telefonei para ela.
- Oi Rebostiana, sou eu, por acaso te acordei?
- Que nada, disse ela, estou aqui matutando se durmo ou se passeio, bom que ligaste.
- Ai Rebostiana, estou muito chateada, cheguei há pouco do vale do Sinos e encontrei minha casa parecendo um pardieiro
 de quinta classe.
-Ué, mas e a tua funcionária perfeita, fez o quê durante a semana? Trabalhou menos que as duas horas e meia costumeiras? Já falei que és muito frouxa com ela, engoles todos os sapos, aceitas as faltas, te preocupas com os filhos dela e ainda pagas demais, inflacionando o mercado das "empreguetes".
-Sim Rebostiana, mereço puxões de orelha, mas noutra hora tá? Deixe-me contar como estava o banheiro. Acredite, os gatos conseguiram abrir a porta, arrancaram a tampa do vaso sanitário e aquela foi a única água que os pobrezinhos conseguiram tomar durante o final de semana, presumo. 
-E as cachorrinhas como fizeram para tomar água? perguntou Rebostiana.
-Não tomaram, quando vi os potes vazios apressei-me em encher todos. Os focinhos disputaram o precioso líquido
 e a Bina refrescou-se no seu potinho de porcelana.
-E os gatos de cima, e os da Hauskatzen? Estavam bem, nenhum fugiu ou morreu?
-Sim, os de cima e da Hauskatzen além da torneira do banheiro que deixo pingando quando saio, nos potes havia água, em compensação nenhum grão de ração. E, horror dos horrores, as bandejas de areia, transbordando. 
Rebostiana silenciou por instantes e, quando voltou a falar, metralhou fio a fora, deixando meus ouvidos zumbindo e minhas orelhas fervendo:
-Bem feito, não fizeste muito gosto com minha visita, praticamente me enxotaste da mansão. Se eu estivesse aí com certeza os dias de glória da empreguete já teriam chegado ao fim, mas não, ela "foi tão boa pra Lilly".. foi nada, não fez nada mais que a obrigação. Sei muito bem que a Lilly dizia que "ela fazia tudo com muita pressa". Deixe de ser refém dela, tens medo de quê? Dela procurar os "dereito"? Não te preocupes, tens uma amiga advogada que sei, a Gisa, daqui. Ela adora gatinhos e irá te ajudar.
-Está bem Rebostiana, não te alteres, deixe-me contar o que o Mimi, Francisco e Nino fizeram assim que cheguei na cozinha. Subiram na pia e quando abri a torneira, queridos, tomaram aquela água como se fosse o melhor dos espumantes (será que gatos gostam de espumante?) O Francisco ficou tão feliz que molhou todo corpo sob a torneira. 
Ele adora a água caindo sobre sua cabeça. 
 Até a tampa da chaleira o Mimi afastou, procurando água.
Perceberam a gotinha d'água perto do olhinho do Mimi?
Embora com sede, todos estão bem, com exceção da Gorda, filhote da Leona, que desde sexta-feira está indisposta, segundo informações da "cuidadora". Acredito que alguém tenha jogado algo estranho dentro do quintal e ela comeu. Estou fazendo o possível para recuperá-la, mas está complicado.