"Onde reinam intenções honestas,
mal entendidos podem ser curados
com rapidez e eficácia."

31 de maio de 2012

Afastando -me em 31 de maio de 2012


Aos leitores, seguidores, comentaristas, amigos virtuais, 
deixo aqui estas palavras:

"Onde reinam intenções honestas,
 mal entendidos podem ser curados 
com rapidez e eficácia."

Afasto-me no blog, assim como das redes sociais. Responderei e mails na medida do possível e procurarei comentar nos blogs que sistematicamente me acompanham.
A vida nem sempre nos oferece o que esperamos e cada um colhe o que semeia. Não fui feliz no que semeei pois a colheita está sendo amarga.
Entendo ser minha missão na terra cuidar dos irmãos menores e isso continuarei fazendo com alegria. 


28 de maio de 2012

Rebostiana e nossos "causos"

Lembram-se dela? Pois é, depois daquele desabafo aqui, Rebostiana, muito prestativa preocupou-se comigo e com os recentes acontecimentos, principalmente àqueles relacionados com a Mansão e veio para cá "ajudar-me" na organização da papelada e principalmente para "aconselhar-me".
Ontem, enquanto tomávamos chimarrão, acreditam que ela trouxe lá de Fiofó do Planalto, a cuia, bomba, erva e a chaleira de ferro porque tem nojo de água na garrafa térmica e desconfia das chaleiras inox.
Esta é uma das malas que ela trouxe. Até a máquina de moer carne (ela desconhece que sou vegetariana), o caldeirão para cozinhar feijão e, estão vendo aqueles três pequenos objetos marrom com uma parte clarinha embaixo? Quem tem mais de trinta anos conhece, são monóculos com uma foto dentro, que geralmente eram tiradas em circos e depois os "fotógrafos" vinham mostrar para a família e é lógico que sempre se comprava. Ainda não vi de quem são as imagens, esperarei ela mostrar.
Monóculos
Voltando ao chimarrão, enquanto a cuia passava das mãos dela para as minhas, iniciou-se o bate-papo.
Falando sobre a irresponsabilidade das pessoas, mencionei um fato ocorrido semana passada num dos maiores e melhores hospitais da América Latina, localizado em Porto Alegre. Uma jovem portadora de enfermidade oftalmológica submeteu-se a uma cirurgia de transplante de córnea. Ao acordar, percebeu que o curativo estava sobre o outro olho, comunicou ao responsável e ele disse "é assim mesmo". Ela pensou, entrei para fazer cirurgia no olho e sairei sem saber o que é direita e esquerda.
Rebostiana serviu um chimarrão e passou a relatar o que aconteceu a ela em um hospital muito famoso, não quis dizer o nome para evitar "represálias".
Pois Lissi (meu apelido quando criança), disse Rebostiana, tu sabes que sou muito despachada e não preciso que alguém fique "me cuidando" quando estou doente. Precisei fazer uma cirurgia (coisa de mulher), meu plano de saúde é muito bom, mas oferece apenas acomodação semi privativa. Internei-me numa quarta-feira à tardinha, com a "operação" marcada para o dia seguinte às dez horas. O tal quarto era muito bom, grande, ar condicionado, televisão, banheiro super equipado. Logo chegaram duas técnicas para aplicarem o tal enema. É uma situação desagradável mas no meu caso o pior foi a exposição a que me submeteram. Minha cama ficava em frente à porta e
embora houvesse uma cortina separando os dois leitos, para proteger a porta NADA.
 Fui feliz porque ninguém abriu e tudo deu certo.
-Que chato isso Rebostiana, por que não pediste para te levarem a uma sala de procedimentos?
-Ah, Lissi, queria que aquilo terminasse logo e como já falei, deu tudo certo.
Depois de alcançar-me mais uma cuia de chimarrão, Rebostiana continuou:
- Sem demora entrou outra técnica com uma bandeja e uma caixa contendo um creme vaginal, com seis aplicadores e disse que eu deveria colocar todo o conteúdo da bisnaga. Fiquei desconfiada, fui até o posto de enfermagem e pedi para ver minha pasta (prontuário, receitas, etc.). Muito a contra gosto deixaram que olhasse. Vi na prescrição que o doutor recomendou uma aplicação de doze em doze horas e questionei ser impossível um tubo inteiro (seis aplicadores) a cada doze horas. A técnica, muito debochada disse: telefona para o médico e pergunta. Eu não, pergunta você que é profissional da área ou pelo menos me responda se é normal o médico receitar esse procedimento. Resumo da ópera, os doze aplicadores foram colocados, em doze horas. Ao questionar o médico no outro dia ele disse que era um aplicador à noite e outro pela manhã. (desgraçada aquela técnica).
Às nove horas, no dia seguinte ao da internação, fui levada para o bloco cirúrgico pois estava marcada a cirurgia para as dez horas.
Meia hora depois, chegou minha "amiga" médica e disse que a cirurgia havia sido transferida para o outro dia às dez horas. Voltei para o quarto e a minha amiga médica ficou comigo. Ficamos conversando, contei o episódio do enema em frente à porta, das duas bisnagas de creme e, principalmente do "piti" que uma funcionária da copa teve quando questionei a refeição que ela trouxe pois eu sabia que haviam autorizado "alimentação sem resíduos" e ela trouxe duas fatias de pão, presunto, queijo e café com leite.
Minha amiga ficou quieta e de repente levantou-se e disse: espera aí que já volto. Voltou com um batalhão de enfermeiras, técnicas, cadeira de rodas, etc. e levaram-me para um quarto privativo. Enfim, tudo deu certo, minha saúde voltou a ser boa e espero nunca mais precisar de hospital.
- Verdade Rebostiana, agora lembrei que comigo também aconteceu algo que poderia ter causado algum problema, justamente na época da tua cirurgia, alguns dias antes. Fui internada para fazer um exame, cujo nome é "histeroscopia diagnóstica" e, minha filha, que é médica, verificou no cronograma dos procedimentos que estava sobre o balcão, na sala pré-cirúrgica e ao lado do meu nome constava "histerectomia". Diferença pouca nas palavras, mas um caso é para diagnosticar e o outro é para retirada do útero. E quem não tem filha ou amiga médica como nós? Asim é que acontecem as cirurgias no membro errado, retiram órgãos trocados, vesícula biliar ao envés de apêndice e agora, cúmulo dos cúmulos, transplantam a córnea no olho errado, desperdiça-se uma doação e a paciente retorna para a fila de espera ou, neste caso retirarão a córnea de quem cometeu o erro e transplantarão para quem de direito?
Frisemos, Rebostiana, nossos casos foram realizados em hospitais de "ponta", imagine o tratamento que recebem do SUS. Tenho algumas informações de que quando o paciente consegue o atendimento pelo SUS aí tudo anda muito bem, o tratamento é igual para todos, particular, convênio ou SUS.
Igual, sim, mas todos corremos os mesmos riscos de recebermos tratamentos equivocados.
Falta responsabilidade, amor e respeito aos pacientes.
 Os centros cirúrgicos parecem linhas de montagem fabris, mas em seres humanos o controle de qualidade não pode simplesmente descartar o que deu errado,
é uma vida que se perde, invalida, ou no mínimo complica.
Por hoje, chega de chimarrão, estou verde!