"Onde reinam intenções honestas,
mal entendidos podem ser curados
com rapidez e eficácia."

23 de fevereiro de 2012

Zir, onde tudo começou

Cá estou gato Belo, deitado sobre a mesa da sala grande da "mansão", ao lado de uma velha tigela de vidro, dizem que tem  mais de setenta anos.
Cenário perfeito para contar como o sobrenome Zir chegou ao Brasil.
Em 1890, nasceu no Líbano este lindo menino, aqui aos cinco anos, fotografado com sua mãe, avó e um priminho. Na imagem, muito elegante com sua roupa sóbria, corrente de ouro adornando o jaquetão.
Passou o tempo, um período muito difícil instalou-se,  em razão das reformas políticas decorrentes da revolução constitucional no Império Otomano que obrigava os jovens a servirem o seu exército e então a difícil decisão, com dezenove anos, acompanhado de um primo, partiram rumo à America. O país escolhido foi o Brasil.
Como na época, 1909 os comerciantes árabes já estabelecidos, para evitar a disputa entre os novos patrícios, estabeleciam previamente as regiões do Brasil que cabiam a cada um,  vovô Zir, imigrante recém chegado já estava com seu emprego garantido. As casas comerciais de libaneses já instaladas no Brasil, agenciavam os mascates e lhes forneciam as mercadorias. 
Como mascate, chegou ao povoado onde hoje é o Município de Getúlio Vargas, Rio Grande do Sul.
Ali comprovou-se o que estava escrito nas estrelas. Exatamente como no sonho premonitório que teve seu futuro sogro, Vô Zir chegou para hospedar-se no hotel dos pais daquela linda italianinha de olhos azuis que seria sua eterna amada, mãe de seus oito filhos. Na imagem abaixo, vovó segurando a cuia do chimarrão, ao lado da primeira filha e vovô segurando o garrafão e um copo de vinho.
Em 1923, nasceu o pai da Beth, na foto, em seu primeiro ano de escola, vestindo um alvo guarda pó. Não sei o que os leitores dirão, mas eu, Belo  vejo grande semelhança entre o vovô Zir menino e o menino Antonio Zir, pai da Beth. 
Aqui, vovô e vovó Zir, passeando em Porto Alegre onde seu filho mais velho residia e já exercia a advocacia.
Enquanto os pais viajavam, aproveitando a companhia do filho mais velho, Antoninho, como carinhosamente era chamado, destruía corações das belas mocinhas de Getúlio Vargas. Mas seu coração já estava comprometido com uma descendente de alemães.
A Beth já contou a história do casamento de seus pais aqui no blog, mas vou resumir para os leitores que estão chegando agora.
Ele era católico e ela evangélica e casamento ecumênico, naquela época, nem pensar e para casarem na Igreja Católica, Lilly teria que ser batizada novamente mas ambos não concordaram.
Então, não casaram na igreja. Lilly trocou o vestido de noiva por um conjunto de sofá e duas poltronas, demonstrando  desde jovem, ser prática e decidida. Foi um namoro bastante tumultuado porque os pais da Lilli não aceitavam o Antoninho por não ser alemão, ser católico e meio escurinho, aquela cor dourada linda dos árabes.
Mesmo assim, foram felizes por vinte e nove anos até a partida precoce de Antoninho.

13 comentários:

  1. Uma história linda, tanto amor e perseverança, é um orgulho! As fotos são verdadeiros tesouros, pedacinhos de vidas, contando suas histórias, sua luta, mostrando vários momentos maravilhosos.

    A história da minha família se perdeu, ou melhor, parte dela, sabemos fragmentos, faltam-nos elementos, fica um vácuo, um vazio ao tentar saber mais a respeito de nossos antepassados... Pena!

    Beijos, querida.

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    1. Acho que nasci em tempo errado, sinto uma vontade de viver como eles viviam, era tudo simples, ninguém foi milionário, mas todos estudaram, divertiram-se, amaram, sofreram, mas acima de tudo existia companheirismo, compaixão, caridade...
      Cris querida, nunca se perdem histórias de família, qualquer fragmento pode render algo. Converse com teus pais e verás que poderás resgatar histórias que amaremos ler.

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  2. Que interessantes que são essas historias de familia. Adoro!
    Coisa boa isso de poder digitalizar as fotos e mostrar para os amigos, não é mesmo?
    Preciso aprender a fazer isso. Tenho tantas fotos antigas, e tanta historia boa pra contar!
    A sua ficou muito bonita.Essa mistura de raças é uma coisa maravilhosa mesmo. Concordo plenamente quando voce diz que os árabes tem uma cor dourada, bonita.
    Meu sogro era descendente de árabes, português, e o danado tinha uma cor linda, morena. Minha filha mais velha "puxou" por ele.
    Que pena o casamento de seus pais ter durado tão pouco, essas fatalidades tiram um pouco o brilho e a alegria.
    Beijos querida Beth, gostei de cada detalhe, amo coisas de familia.

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    1. Agradeço Ivani o lindo comentário e, sobre a digitalização das fotos, deves ter percebido que a qualidade na história "Zir" é baixa porque não foram escaneadas, fotografei as fotografias antigas e no "office" recortei mas não melhorei as imagens e estou contente porque consegui fazer sozinha, tentando, errando, acertando...

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  3. Muito interessante, adoreeeeei a história e as fotos, é sempre muito bom recordar!;-)
    Passa no meu blog, tem novidades por lá e hj terá uma promoção!:-)
    Bjinhaaaus
    Wayne

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    1. Passei por lá ontem ainda e deixei comentário...
      Fiquei encantada com os trabalhos!

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  4. Eita, como esse mundo é pequeno.
    Tenho amigos até hoje em Getúlio Vargas.
    Morei em Sertão quando criança, ali pertinho.
    =)

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    1. Veja só Marília, as coincidências surgem e nos deixam curiosas...
      Meus pais nasceram em Getúlio e saíram de lá no início dos anos 1950. Tenho ainda uma tia e um tio, irmãos do pai que lá residem e alguns primos e amigas também.
      Em Sertão morava a madrasta do meu avô (era mais nova que ele), fazia um doce de abóbora que jamais comi igual.
      Meus parentes de lá são Zir, Grendene, Werminghoff e a amiga mais querida era Uttermöll mas já está noutro plano espiritual.
      A melhor fase da minha adolescência passei lá sempre nas férias escolares.

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  5. Beth, que gostoso saber um pouquinho dos nossos antepassados,fiz a leitura embevecida....e admirando as fotos antigas.

    Eu tenho algumas fotos do passado que scaneei e guardei no computador...Também penso em escrever um pouquinho desse passado, mas....falta-me tempo para sentar e organizar as ideias...

    beijinhos, tenha um ótimo final de semana!!

    Lígia e turminha

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    1. Escreva e poste fotos do passado, muitas pessoas gostam de ver.
      É, o tempo é algo que está "encurtando", mas o mundo merece ver como a vida era vivida com mais vagar e nem por isso deixou-se de evoluir.
      Vamos lá Ligia, estou aguardando tuas reminiscências.

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  6. Amiga Beth!Que envolvente a sua história.É uma viagem de volta ao passado e mostra sempre que estamos "antenados" com nossa identidade.Adorei, como disse, "viajar" em seu post.Um grande abraço minha amiga, bom domingo,fique com Deus!Um bjo amigo, Rubi.

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  7. Eu nem imaginava que o sobrenome Zir tinha vindo do Líbano! Pensei que fosse alemão também. Adoro conhecer essas histórias de vida. Por parte de mãe tenho antepassados que foram bandeirantes.
    Meu pai nasceu em 1925, eu sou a caçula e por isso temos tanta diferença de idade (para aquela época). Minha irmã tem 10 anos a mais que eu e sabe melhor toda a história da família, vou pesquisar com ela.
    Beijos
    laís

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  8. Lindo post, Beth! Lembro que comentei no post sobre o casamento de teus pais como admirei tua mãe por haver enfrentado os preconceitos, sem abrir mão de seu amor e sua felicidade.
    Quando minha mãe faleceu, em 1992, fiquei com suas fotos. Já pensei muitas vezes em publicá-las e ainda vou fazê-lo. A família de meus pai era de fazendeiros e passei meus primeiros anos na fazenda, em Bujuru (apesar de haver nascido em Rio Grande, onde a família também possuía uma casa). Saudades...
    Abração, amiga

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