"Onde reinam intenções honestas,
mal entendidos podem ser curados
com rapidez e eficácia."

1 de março de 2013

Coragem de dizer não

Durante aproximadamente dez anos acolhi gatos e cães na minha casa.
Talvez por algum tempo até possa ter sido confundida com acumuladora de animais.
Quando um pequenino aqui chegava era cuidado, aquecido, alimentado.
Ao chegar a época de doar, sempre exigi que recebessem o mesmo que aqui recebiam.
Doar para sofrer, ficassem aqui. Pois bem, nesse pensamento, hoje estão comigo 30 gatos e 12 cães.
Confesso, muitos nasceram aqui por descuido meu e de pessoas que no momento estavam responsáveis pelos animais. Hoje isso é impossível, pois estão todos castrados e sobre o leite derramado, ou gatos e cães nascidos por descuido, não adianta lamentar.
 Vários leitores do blog também me acompanham no Facebook  e sabem que ontem aqui foi um dia de difícil, mas de sábia decisão. 
Nas fotos de hoje, já perceberam que estou com um filhotinho de gato nas mãos, ou sobre os joelhos, ou junto ao peito, na tentativa de aquecer a criaturinha, para que pelo menos morresse quentinho. Tinha certeza que não iria sobreviver, pois tinha no máximo trinta e seis horas de vida, não aceitou alimentação e quando chegou até mim estava gelado.
 O minúsculo ser chegou até aqui através de um apelo desesperado via Facebook que derreteu meu coração. Foi encontrado no dia anterior, à tardinha numa parada de ônibus, dentro de uma sacola junto com outros quatro, já praticamente sem vida. Quem os acolheu, não sabia como agir e a única coisa que fez foi colocar uma manta de lã numa caixinha e os dois sobreviventes. Alimentou-os com leite misturado com água Mas, o principal que era aquecer ela não fez. 
Ao recebê-los tive a certeza de que não sobreviveriam. Um morreu durante a tarde e este que ficou um pouco mais comigo partiu durante a noite, já na casa de outra cuidadora porque criei coragem e disse NÃO.
As outras palavras, repetirei parte do que postei na rede social:
É muito fácil dizer sim, sorrir, ter pena, fazer de conta...
Mas, quando assumi hoje a responsabilidade de dizer chega, cansei, o fiz com coragem e a partir desse dia, 28 de fevereiro de 2013, minhas portas, portões, cercas e muros estão fechados para qualquer espécie de animal. Não por causa deles, mas sim por causa de humanos irresponsáveis, tolos e inconsequentes. Devo ter perdido alguns amigos, se os perdi, paciência, enquanto nós humanos não aprendermos nos amar antes de amar o próximo, o amor doado é inútil.
Às queridas madrinhas que estão fazendo a diferença no cuidado com os gatos, digo que podem ficar tranquilas pois todos os que aqui estão, comigo ficarão enquanto deles puder cuidar e espero que até o fim de suas vidas, seja aqui na mansão ou num lugar melhor que tenho a certeza está sendo preparado para que todos, animais e humana, possamos ter mais liberdade.

6 comentários:

  1. Tens razão! Chega uma hora que essa decisão precisava ser tomada. Tens os que estão contigo e são tantos, mas não podes resolver TODOS os desabrigados. Tens tua consciência tranquila, fazes tua parte e muito além dela! Fica bem, beijos,chica

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  2. Que surjam novos cuidadores, que os habitantes da cidade exijam políticas públicas de castração, que se cobre a responsabilidade de quem quer ter um animal de estimação... Que tua dedicação até agora sirva de exemplo e que esse teu basta sirva de alerta para que a cidade não sobrecarregue as pessoas de bom coração, achando que elas tem obrigação de fazer sacrifícios para livrar a maioria do peso na consciência!

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  3. Eu passei 2 dias sem internet (achei que ia sofrer mas foi ótimo um pouco de distanciamento) e não sabia sobre os gatinhos, é uma tristeza que tenham sido abandonados sem a mãezinha logo depois de nascerem, era quase impossível que sobrevivessem. Eu acho que é essencial saber dizer não e você não precisa se justificar. Se não disser não mais vezes daqui a pouco você vai abrigar mais de 100 e não vai ter saúde nem para cuidar de você mesma! Eu reclamo da vida com apenas 3...mas a minha situação anda complicada, parece que a cada dia os meus velhinhos vão ficando mais cansadinhos...
    Beijos
    Laís

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  4. Beth, dizer não, a meu ver, é um dos aprendizados mais árduos e mais sábios desta nossa existência. O não é uma espécie de capa protetora que conserva a nossa saúde física e mental. Assim como a Laís eu peguei o que dá e até penso que mais um ou dois eu poderia cuidar, mas aí já não seria mais prazer e sim aquele cuidado obrigatório e meio com raiva. Fazes muito bem em "fechar a conta". É aquela velha história, a gente se fazer de Mulher Maravilha não dá certo e cobra juros altíssimos. Não vais salvar o mundo, aliás, já salvastes mais do que podes.Podes continuar fazendo a diferença para os que já tens e fique nisso. Dê aos outros a oportunidade de eles, também, se mexerem, ajudarem, fazerem a diferença. Pois a preguiça humana é tão vasta quanto o universo e se outro faz por eles, eles nunca vão mexer uma palha!

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  5. Beth eu imagino que você disse não com o coração apertadinho, mas infelizmente a gente não pode assumir todos os bichinhos que estão sofrendo, os nossos já nos tomam muito tempo, dinheiro e energia, é claro que somos recompensadas pelo carinho deles, mas saber a hora de dizer não, de forma alguma é egoísmo, tu já tens feito a tua parte com muito carinho e amor, então descansa o teu coração.
    Beijos

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  6. Você cuidou deles e os aqueceu.Eles tiveram mais sorte que os seus irmãos,pois foram cuidados em seus últimos momentos,enquanto os outros,morreram abandonados.Também me corta o coração ter que dizer não.Mas se não o fizer,ficará difícil cuidar dos que já tenho,Petrônio e Ernestinho,pois trabalho fora e tenho pouco tempo pra dar a eles a atenção e o cuidado que merece.Mas infelizmente não podemos acolher a todos os bichinhos.Houve um tempo em que cheguei a ter dez gatos,morando em apartamento.E as pessoas sempre jogavam gatos e cachorros em minha porta.Até que um dia eu disse basta,pois a metade do que eu ganhava,como professora,gastava com ração e remédios e vivia endividada e tendo que pedir dinheiro ao meu marido atá para ir trabalhar.Os que eu tinha fiquei,até que eles partiram,quando chegou a hora de cada um.Os últimos foram Ernesto e Juquinha,que morreram em janeiro e junho de 2011,após viverem treze e quatorze anos,respectivamente.Acolhi Petrônio que veio pelos telhados e me adotou e Ernestinho que sempre encontrava em meu caminho e que me cativou não só pelo seu olhar,como por ser muito parecido com Ernesto.Tenho certeza que Deus os mandou para me consolar,pois eu tinha muito carinho e afinidade com Juquinha e Ernesto,que foram os que mais tempo viveram comigo e parecia entender quando eu estava alegre ou triste e se alegravam e faziam cosias para me alegrar.Você tem sido o anjo protetor deste animais,mas não pode ser de todos.Sei o quanto te dói ver um bichinho sofrer,mas se não o fizer,vai ficar cada vez mais difícil cuidar dos que já tem.Beijos,muita coragem e fique com Deus.Lenira.

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