"Onde reinam intenções honestas,
mal entendidos podem ser curados
com rapidez e eficácia."

17 de maio de 2011

Hauskatzen - Kity

Kity
Vou logo avisando: não participei da tal reunião entre os gatos de cima e nossa cuidadora. Não fui convidado porque estava ausente da casa. Sou um dos três que têm um pouco de liberdade e passo o dia inteiro escondido, aparecendo apenas quando a barriga ronca ou ao anoitecer. Falaram e miaram tanto na tal reunião e não chegaram a um consenso quanto a maneira de referir-se a Beth. Então, como sou o mais velho, decido é Beth mesmo porque "dona" gatos não têm, nossa mãe ela não é, lembro bem da minha e não era humana. Era uma linda gata (sou idêntico a ela) que explicou, logo que nasci, que quando fizesse três meses iria morar noutra casa, onde havia uma gatinha, alguns anos mais velha e seríamos amigos.
No dia combinado, chegaram duas mulheres na casa onde nasci e, tanto elas quanto a dona da casa, afirmaram que eu era uma menina. Santa ignorância, mamãe havia explicado que eu era um gatinho macho, tentei explicar mas as humanas  não entenderam.
Pois bem, chegamos ao novo lar onde logo fui apresentado a outro humano,  Tiago, filho da Beth que também morava na casa.
Estava ansioso, queria mesmo era conhecer a tal gatinha. Finalmente chegou a hora. Fomos apresentados, nome dela era Cherry, siamesa com lindos olhos azuis. Nossa amizade logo ficou evidente, brincávamos, o quintal da casa é imenso, nem precisávamos ir para a rua procurar diversão porque os únicos não humanos da casa éramos nós. Mas à noite não possuíamos permissão para ficar fora. Digamos que até era bom, dormíamos no sofá aconchegados.
Não esqueçam um detalhe: os humanos pensavam que eu era uma "menina". Aí, quando fiz sete meses, veio uma mulher de branco com uma coisa estranha na mão e a Beth pegou-me no colo (com força) e disse que não iria doer. Miaaaaaauuuu... ainda lembro, doeu e sabem o que era? Anticoncepcional! É, não queriam que a "gatinha" eu, tivesse filhotes.
Impressiona essa falta de comunicação que a Beth tinha conosco. Dizíamos para ela que éramos namorados, Cherry e eu, iríamos nos casar e formar uma linda família. Até que um dia, casamos escondido. Até fomos discretos umas duas ou três vezes, mas um dia cansei e mostrei para os humanos que era macho e que Cherry e eu teríamos filhotes sim.
Pois quebramos a cara. Deu tudo errado. Fui castrado, Cherry rejeitou nossos três filhotes, dois iguais a mim e um igual a ela. Como a Beth ainda não sabia como criar bebês gatinhos recém nascidos, em menos de uma semana, os três filhotes, passaram para a Ponte do Arco Íris.
Vou pedir para a Beth contar a história da Cherry porque algumas coisas que aconteceram não entendi direito, então deixo prá ela essa parte.
Sou um gato bem grandão, minhas patas são enormes e quando pegam de jeito em alguém, marcas ficam. Contarei só uma das minhas travessuras: estava deitado sobre o encosto de uma poltrona e a Beth chegou com aquela mania besta dos humanos, agarrando, beijando, fazendo nhemnhemnhem. Pois dei um tabefe na cara dela a alguns milímetros do olho. Mas, como minha pata é grande e pesada ela ficou com o olho e a face toda roxa, parecia que algum humano a havia espancado... ehehehmiaumiauheh... sabem que até fiquei com pena, porque isso aconteceu num sábado e segunda-feira ela precisou trabalhar (ainda era advogada). Imaginem as explicações... para o olho roxo!
Atualmente o que mais gosto de fazer é passar o dia embaixo do carro, no pátio da casa e à noite, quando a Beth chama para dormir, apareço e desapareço entre os pneus e ela chega ajoelhar-se no chão para tentar me pegar. Pior é que se ela alcança meu rabo, é por ele mesmo que puxa até que consiga me conter. É muito engraçado, evidente que não ficarei fora à noite, não sou bobo, tenho minha cama confortável (sobre o forno elétrico), mas adoro fazer a Beth de boba!
Lembrei que ela escreveu um post, dia 4 de março, dizendo que estava esperando eu resolver entrar. Naquele dia fui mau, fiquei até depois da meia noite embaixo do carro.
Dizem que sou preguiçoso, mas dei o primeiro passo (texto) para as histórias de gatos, escritas por gatos.

Um comentário: