"Onde reinam intenções honestas,
mal entendidos podem ser curados
com rapidez e eficácia."

9 de junho de 2011

Presente de Grego

Meu Presente de Grego não foi exatamente um cavalo de madeira recheado de homens armados, mas um gato coberto de crostas estranhas.
27 de abril de 2011, mais ou menos 21h, escutei miado junto a porta da sala. Estranhei pois todos os gatos já estavam recolhidos, aguardei um pouco, outro miado. Levantei da poltrona, já um tanto apreensiva, abri a porta e eis o que encontro:
Um gatinho, com a pele quente e úmida, coberto de feridas no corpo todo, as patinhas enormes com crostas ao redor das unhas. Aconcheguei-o junto ao meu corpo e imediatamente começou ronronar. Estava apavorada, andava pela casa para lá e para cá, sem saber o que fazer. Estava quase certa que o problema dele era sarna e queria evitar o contágio dos outros.
Liguei para uma veterinária solicitando consulta e internação até o outro dia. A resposta: "se desconfias de sarna nem traga porque irá contaminar a clínica e estou com alguns "animais de raça" aqui e não posso correr riscos." Então, como já era tarde da noite, ajeitei caminha, areinha, ração e água e o deixei aqui embaixo, na sala da frente.
Pela manhã, no outro dia, levei-o a uma clínica veterinária cujo proprietário cuidou muito bem da minha gatinha Cherry quando teve rinotraqueíte e também fez a cirurgia de retirada das cadeias mamárias da Ursa. Portanto, relativa confiança. Diagnóstico: 
- esse gato não tem sarna, é outra dermatite, farei um antibiótico potente com efeito de catorze dias, daremos um banho com shampoo terapêutico e tudo ficará bem, poderás buscá-lo após o banho.
- mas doutor, não tem perigo de passar a dermatite para os outros gatos? há filhotes na casa...
- não te preocupes não é contagioso.
Deixei-o junto com as mãezinhas e filhotes quando o trouxe para casa. Ficaram amiguinhos, ele até mamou na Mitinha. Nas duas semanas seguintes voltou à clínica para o banho terapêutico. Algumas casquinhas caíram, mas a maioria estava firme como uma rocha no corpo dele. 
Luky deitado sobre os pacotes fechados de areia
Reparem na foto acima, como os dedinhos da patinha dele estão abertos, de tanta sujeira ao redor das unhas. Isto depois de três "banhos terapêuticos". Misteriosamente, comecei sentir coceira, no local onde encostava no corpo uma renda do soutien. A renda recebeu a sentença: culpada. Aí, gatinhos filhotes e suas mamães começaram o coça coça. Pulgas, só pode ser isso. Dá-lhe Capstar para todos e Frontline para segurança. Chão etc. lavados com água e vinagre.
Coceira continuou... em gatos e humana. Ontem, com todo o frio, levantei de madrugada para tomar novo banho com escova e sabonete Protex, esfregando até arder.
Pela manhã, encaixotei o Luki e o Tilli na caixa de transporte e levei-os a outra clínica veterinária. Diagnóstico: SARNA.
Estamos todos medicados, com o que há de melhor no mercado atualmente. Não sabia que já existiam comprimidos de ivermectina para cães e gatos. Pensei que só seria possível aplicar via injetável com risco muito alto de os felinos virem a óbito. Queridos, as mamães e os filhotes, todos receberam um quarto de comprimido, sem espumar, cuspir ou arranhar. Deve ser a presença do Amor a guiar meus passos e minhas mãos aos lugares certos, tanto a veterinária quanto a maneira de administrar a medicação foram nota 10. Ah, eles receberam, assim como as mamães, gotinhas para colocar em pontos nas costas para eliminar ovos e pupas, etc.
Mas, imaginem, fiquei mais ou menos como a Dulce na foto abaixo, querendo fugir...
Mas Dulce, assim como eu, conhecemos nossa responsabilidade e apenas olhamos o mundo lá fora e voltamos para os nossos gatinhos!

3 comentários:

  1. Guria, ainda bem que tudo se resolveu sem maiores consequências!
    Tocaste em um ponto chave, veterinários: o que se preocupou em não contaminar "os de raça"; o que erroneamente descartou uma hipótese de contágio, sabendo que tinhas vários gatos, inclusive filhotes e, felizmente, o que descobriu o problema e soube como combatê-lo.
    Todos nós já tivemos algumas experiências similares com médicos e sabemos que em todas as profissões existem bons e maus profissionais, mas é difícil aceitar...
    O pior não é conseguir fazer o diagnóstico de início, mas ser categórico ao fazer um que se revelou totalmente errado.
    Quanto ao profissional que prioriza "os de raça", não há palavras para qualificá-lo; não aceito preconceitos desse tipo em relação a qualquer espécie. Será que "ele" tem pedigree? Sentimentos bons e profissionalismo com certeza não tem. Beijos e desejos de pronta recuperação para todos vocês!

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  2. Exatamente!!! Prepotência, tanto na forma de falar para não levar, de modo não contaminar a clínica e os de raça, deixando-lhe na mão quando precisou, quanto no diagnóstico errôneo. Você desconfiou que era sarna, ele, o profissional, descartou, e no final confirmou-se ser sarna mesmo, contaminando os seus, uma certeza dada por ele que não aconteceria.

    Gastos e perigo desnecessários, os seus gatos correram riscos, todos foram expostos, inclusive você, uma conta que vai além do financeiro, porque são vidas, sejam ela de raça ou não. São abençoados por estarem contigo, que não mede esforços, acolhe sem poder, não deixando-os na mão. O amor é assim, despretensioso e imenso, livre de preconceitos.

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  3. Li seu post ontem, engoli a seco e preferi não comentar naquele momento. Deu raiva sim, fiquei preocupada com a saúde de todos, com o percalço até o diagnóstico certo. Estou torcendo para que logo tudo volte à normalidade e possamos ler postagem deliciosa, dos lindos momentos do novo integrante... e, é claro, dos demais.

    Beijo grande.

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