"Onde reinam intenções honestas,
mal entendidos podem ser curados
com rapidez e eficácia."

21 de junho de 2011

Quando o ser fala mais alto que o ter!

O primeiro contato que tive com a associação onde adotei a maioria dos cães e gatos que estão ou passaram por aqui foi numa reunião, como convidada. Na época era diretora de licitações na Prefeitura da cidade, mas já certa de que iria deixar o trabalho, até dezembro de 2004.
Chamou-me a atenção naquela reunião, de mais ou menos 8 a 10 pessoas, a figura de um senhor, que na época era tesoureiro da associação. A partir daquele dia, passei a frequentar as reuniões mensais, cheia de ilusões, grandes idéias e o senhor que mencionei, apenas sorria com meu entusiasmo. Após algumas reuniões, quando já estava mais entrosada com as pessoas (sempre as mesmas, menos de 10), não lembro se antes ou depois da reunião o senhor (dirigirei-me aqui a ele sempre como senhor), disse que tinha um sonho. Comprar área de terra, para construir um lugar decente e abrigar os animais abandonados, naquela época empilhados num lugar que irei definir como "limbo". O dinheiro para a compra do terreno e a construção, ele estava aguardando receber valores de uma ação revisória contra o INSS na qual havia saído vitorioso.
Pois bem, o dinheiro chegou e ele cumpriu e está ainda hoje cumprindo sua promessa. Falar apenas no senhor é injusto porque é uma família, composta dele, esposa e uma filha, jovem, bonita, professora de Educação Física, campeã numa modalidade de artes marciais e, que por longo período tudo abandonou, dedicando vinte e quatro horas do dia para os animais, ainda na sede velha. A mãe, até hoje prepara alimentação especial para filhotes e velhinhos que não podem comer a ração dos adultos. 
Início da transferência dos animais
No início da obra a mãe ainda era professora estadual e ainda assim sempre acolheu vários gatos e cães em sua casa, além de preparar a alimentação acima mencionada. O senhor, é aposentado, mas faz a contabilidade de uma empresa. O restante do dia é dedicado a cortar ossos (adquiriu uma serra elétrica, de açougue, com seus recursos), arrecadados por ele em alguns supermercados, açougues, e, transportados em seu veículo particular, no início um carro popular e hoje numa pequena camionete. Também corre de lá para cá em busca de doações, raras, mas que ajudam, ou comprando às suas expensas, ração, arroz, carne, etc. Enfim, está passando e dedicando sua vida em busca do bem estar de cães e gatos abandonados, maltratados, doentes, acidentados. Contam hoje com a ajuda de uma voluntária todas as tardes, alguns poucos, nos finais de semana e dois funcionários, pagos pela associação, que não tem renda, a não ser uma minúscula verba destinada pelo município, que não é suficiente para seis meses, alguns poucos reais doados, depositados em conta corrente no Banrisul. Este é o segundo ou terceiro ano que a Prefeitura disponibiliza um veterinário para fazer as castrações, mas o material e medicamentos é todo comprado pela associação, diga-se: Família e dois ou três voluntários.


Atualmente estão "hospedados" em torno de 400 cães e alguns poucos gatos, porque o local está contaminado e os gatos adoecem e morrem.

As duas fotos acima são do atual gatil. Não é o ideal, mas é o possível.
Dedico essa postagem à família que construiu, ainda constrói, cuida, faça sol ou chuva, frio ou calor, a filha, que poderia estar trabalhando turno integral para ter mas prefere ser, como seus pais são.
Enquanto eles são, outros interessam-se apenas em ter cães e gatos de raça.
Usem a consciência, desejam comprar filhote de raça? É sinal que têm condições financeiras de bancar, não só a compra mas também vacinas, ração, areia (caso dos gatos), caminhas, roupinhas, e tudo o que um animal requer. Com o troco dessas compras, doem ração, dinheiro, medicamentos para associações, dirigidas por pessoas de bem, que controlem a natalidade dos animais, efetuando a castração. Pesquisem, em quase todas as cidades existem abrigos, mas prestem atenção antes de doar, vejam se a doação será empregada em benefício dos animais como no exemplo aqui citado. Senão, é melhor apenas adotar um ser que no abrigo se encontra.
Tudo que aqui está postado é de minha inteira responsabilidade. A família não sabe que escrevi.(saberá apenas após a postagem)

2 comentários:

  1. Eu adoro essa frase do título, também acho que ser é muito mais importante do que ter. Que belíssimo exemplo essa família dá às pessoas. Só de ver as fotos percebe-se o cuidado com os animais. Aqui em Joinville existe o Abrigo Animal que recolhe animais com um pequeno auxílio da prefeitura e doações. Uma ótima ideia que tiveram foi colocar um cercado em um supermercado para arrecadar rações, produtos de limpeza, caminhas, tudo que puderem doar. Sempre vejo pessoas deixando produtos lá e sempre que posso também levo. É uma forma bem prática de ajudar.
    Espero que esta família continue esse belo trabalho com mais ajuda.
    Beijos
    Laís

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  2. Que bonito post. Você poderia pedir autorização dos donos para me passar contatos? Gostaria de fazer um post com eles e divulgar como as pessoas podem ajudar. Obg. Muito bom!!! Valeu.

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