"Onde reinam intenções honestas,
mal entendidos podem ser curados
com rapidez e eficácia."

28 de fevereiro de 2012

"Wenn Du noch eine Mutter hast..." Se ainda tens mãe

O poema título da postagem, foi escrito por Friedrich Wilhelm Kaulisch, no século XIX.
É composto por várias estrofes, mas transcrevo apenas duas que constam na estampa guardada pela mãe não sei durante quantos anos, mas foi um presente dado por ela para sua mãe.
"Wenn Du noch eine Mutter hast
so danke Gott und sei zufrieden
nicht auff dem Erde rund
ist dieses hohe Glück beschieden

Wenn Du noch eine Mutter hast
dann solst Du sie in Liebe pflegen
das sie derinst ihr müdes Haupt
in Frieden kann zur  Ruhe legen"

É impossível traduzir literalmente pois, assim como as anedotas contadas em alemão, se traduzidas para o português perdem a graça, os poemas perdem o sentido.
Mas, um breve resumo em tradução livre do tema, seria a gratidão à Deus e a alegria por se ter uma mãe, pois muitas pessoas não as têm e então quem tem pode considerar-se "sortudo". Aqueles que as têm devem envolvê-las em amor e cuidarem que às mães quando cansadas, ou velhas, em paz possam ficar.
A postagem de hoje é uma espécie de elegia para minha mãe, pois estou aos poucos percebendo ter dado pouco valor aos seus sentimentos em seu último ano de vida.
Por exemplo, perguntou-me várias vezes onde estava a sua "caixa das cartas" e a "caixinha das medalhas" e as "faixas de campeã" do bolão, assim como o poema e apenas respondia, devem estar "lá em cima" guardadas, mas não tive a sensibilidade de perguntar se ela gostaria de vê-las.
Mãe, aí está tua caixa de cartas das amigas     
uma carta da tua querida amiga Thea, 
escrita na Alemanha no pós guerra.
Esta querida amiga, que desde a infância até adolescência juntas estiveram e a segunda guerra mundial separou, quando o pai da Thea, imigrante, resolveu voltar com a família para a Alemanha por estar sendo perseguido no Brasil, por ser alemão. A troca de cartas continuou até o ano de 2002, quando se perdeu o contato com ela.
Junto com cartas das amigas encontrei um bilhete do pai quando eram noivos, três meses antes do casamento, 
ele demonstrando saudades pois não se viam há "catorze horas".
E aqui está a "caixinha das medalhas",
conquistadas por mérito dos treinos, todas as segundas-feiras à noite, no "Grupo Sempre Alegre" (lembrei  do hino do grupo: "Sempre Alegres e unidas todas juntas vamos ser , Sempre alegres e unidas pela glória do bolão vamos vencer) treinos que renderam inclusive uma medalha por "Maior Frequência", e eram sagrados.
Campeã, no município em 1957.
Campeã Estadual em 1961.
E aqui as duas faixas de "Campeã Estadual" em 1961 e 1963.
Então queridas filhas e filhos, tenham a sensibilidade, por mais cansados, estressados ou sem tempo que estejam, prestem atenção naquilo que suas mães e também pais dizem. Façam esforço para entenderem as entrelinhas, perguntem se querem ver as "caixinhas", "medalhas" e "faixas" mesmo que materialmente nada signifiquem. 

12 comentários:

  1. Olá Beth, tudo bem?
    emocionante a homenagem á sua mãe.
    eu entendo sua necessidade de falar dela, também gosto de falar dos meus.
    sempre acho que não conversei o bastante, não perguntei o bastante.
    e ela era uma bela moça em? linda.
    guarde as medalhas e cartas com todo o amor possível.
    essa será sempre sua maior homenagem a ela.
    beijos querida, tenha um boa noite.
    aqui faz um calor horrível.

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    1. De uma coisa tenho certeza Ivani, minha mãe cumpriu sua missão de mãe e avó com mais dedicação do que esses papeis requerem. Pode-se dizer que beirou à submissão às nossas vontades.
      Sim, ela era uma moça e mulher muito linda e sua única vaidade eram as unhas sempre bem feitas e vez em quando um batom.
      As caixinhas serão conservadas e, como diz meu filho no comentário abaixo, ficarão eternamente disponíveis no Google!

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  2. Muito linda a postagem, agora as faixas e medalhas da vó ficarão eternamente disponíveis no Google, melhor do que apenas dentro de uma gaveta. Depois que o tempo passa sempre parece que faltou fazer algo, deve ter a ver com a memória seletiva do nosso cérebro, que as vezes se esforça para esquecer as partes boas.... Mas eu não deixo o meu fazer isso he he

    Mtos beijos !
    Amamos Tu...

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    1. Estás certo filho, agora o mundo todo pode ver o quanto felizes fomos por termos tido o privilégio de conviver com uma pessoa como a vó Lilly.
      Estás muito certo em cuidar para que teu cérebro selecione o que é bom e "abstraia" o ruim.
      Vocês são muito amados também!

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  3. Oi Beth,minha amiga, você me fez chorar, emocionante teu post, linda demais essa homenagem, o tempo passa, as coisas se acomodam, as fichas caem e a gente diz, porque não percebi isso antes, a vida é para aprender amiga e às vezes dói, mas a intenção de uma mãe sempre é orientar e onde ela estiver o ensinamento dela estará ali ao nosso dispor, ela sabe como nos fazer guardar... para que aproveitemos o dia que for para ser. Mãe é mais amor do que nós propriamente temos consciência, e o filho, um dia descobre isso e nunca é tarde. beijos.

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    1. Eva querida, foi difícil finalizar essa postagem. Passei três dias lidando com ela, as lágrimas sempre teimavam em interromper.
      Disseste tudo, "mãe é mais amor do que nós propriamente temos consciência..." e digo mais, a sensibilidade materna é tão aguçada, que pequenas coisas que aos outros passam despercebidas,as mães enxergam anos luz à frente. Todas as mulheres merecem ser mães!
      Beijos

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  4. Oi Beth...
    Linda e emocionante essa homenagem a sua mãe...Só percebemos que deviamos ter feito mais, conversado mais quando já não dá mais tempo...Quando perdi minha mãe estava eu aqui no Japão...não tive tempo de despedidas...Nas medalhas e nas cartas sempre haverá um pouquinho da sua mãe...guarde com muito carinho...
    Beijos!
    San...

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  5. Adorei a homenagem pra sua mãe Beth, nossa, que linda!!!!=)Emocinate!!!!

    Tem promoção no meu blog Beth, vai lá conferir:
    http://gatosminhavida.blogspot.com/2012/02/promocao-meu-gato-vale-uma-arte.html

    E as novidades:
    http://gatosminhavida.blogspot.com/p/wj-ideias-produtos.html

    Bjinhaaaus
    Wayne

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  6. Que post mais delicado! Sempre que me despeço de minha mãe (tanto quando ela vem aqui quanto quando vou a SP)sinto que deveria ter sido mais gentil, mais calma ou mais amorosa. Eu passo os dias meio quietinha em casa e quando me encontro com ela parece que ela não para de falar um único minuto e logo fico irritada, várias vezes ao dia vou me conscientizando que ela já tem idade e merece todo meu amor e atenção. Felizmente ela adora me visitar! Espero que ela ainda viva muitos anos e sejam muito felizes entre nossa família.
    Beijos
    Laís

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  7. Beth, li e reli o seu post com atenção...

    Que filha maravilhosa que você é...guarda com todo carinho os pertences que foram de sua mãezinha...coisas do passado...muito lindo!!!E tenha certeza, que você fez por ela tudo o que estava ao seu alcance, naquele momento!!!!

    E ela bem o sabia!!

    Sua mãe foi uma mulher muito linda!!!E continuará sendo sempre, sempre em suas memórias!!

    beijinhos, fica com Deus!!

    Lígia e turminha ¸¸.*♡*.¸¸.

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  8. "Depois que o tempo passa sempre parece que faltou fazer algo, deve ter a ver com a memória seletiva do nosso cérebro, que as vezes se esforça para esquecer as partes boas...."
    Teu filho traduziu de forma perfeita o que também penso, mas acho que não encontraria as palavras certas para expressar. Beth, te conheço há pouco tempo (apesar de me parecer muito mais) e, através do blog, vi e senti todo teu carinho e pequenos cuidados com tua mãe. Lembro de um post em que falaste que estavas comprando-lhe alguns alimentos "saudavelmente incorretos" de padaria, pois já lhe havias privado desse pequeno prazer por muito tempo, pensando apenas em sua saúde física. Recordo, também, de tua mudança do conforto de teu quarto, para ficares próxima e acudi-la, se precisasse. Lembro de quando a levaste para visitar a vizinha e velha amiga, apesar da dificuldade de locomoção. Em cada menção, foto e lembrança, podemos sentir todo teu amor e carinho e ela, com certeza, mais do que ninguém, também os sentiu. Muita paz e um abraço beeem grande, querida

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  9. Betty querida, tanto carinho tenho recebido de vc lá no blog... e tanto tempo demorei pra chegar aqui...desculpe a demora. Mas na verdade quem estava perdendo era eu... ganhei o domingo ao ler esse post, que homenagem linda. Posso me considerar sortuda, minha mãe está com 90 anos, mas em tempo li esse post, mtas vezes pelo corre corre dos nossos dias não nos damos conta da importância de parar tudo e pegar a caixinha de medalhas... obrigada por isso, bjs.

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