"Onde reinam intenções honestas,
mal entendidos podem ser curados
com rapidez e eficácia."

21 de março de 2012

Empregada Doméstica ter ou não

Numa rede social hoje, várias amigas virtuais teceram comentários sobre empregadas domésticas, ter ou não ter.

Somente aquela que alegrou-se com o retorno de sua funcionária depois de férias e eu, mantemos mensalistas.
Algumas consideram perda de privacidade, empregadas em casa, outras pregam a independência, é dito também que é "cargo em extinção", que nos EUA e na Europa cada um cuida de si e que empregada doméstica é resquício da mentalidade escravagista.
Pois continuo mantendo posição favorável a ter alguém para auxiliar na atividade de limpar o chão, passar roupas, lavar vidros e, quem consegue como eu, manter uma Super Ana há onze anos, que além das atividades nominadas acima, também faz pequenos consertos elétricos, hidráulicos e como hoje, colocar tela na janela da cozinha para o Nino não fugir, 
não  dispensa com muita facilidade.
Acredito não ser a função de empregada doméstica que está em extinção, vê-se hoje exercendo este trabalho, mulheres entre quarenta e sessenta anos. Aquelas que não podem mais encarar o serviço doméstico, atuam como cuidadoras de idosos. 
Passei mentalmente a rua onde moro desde sempre, em busca de empregadas domésticas com menos de quarenta anos, acreditem, encontrei só uma e que está próxima.
Então, morando em cidade de sessenta mil habitantes a situação do emprego doméstico é esta. 
Imagino que em grandes metrópoles há muito tempo não se encontre mais profissionais que se mantenham em empregos como no interior.
As jovens não querem e a maioria também não as quer dentro de casa e isso porque foi-se o tempo em que se conhecia a família, os vizinhos, os amigos de quem trabalha ao teu lado. A maioria das meninas entre 14 e 20 anos já carregam filhos ou na barriga, ou de arrasto pelas ruas, elas mães, mais despidas que vestidas, com as barrigas caindo para fora das calças, ou shorts mostrando tudo aquilo que no passado era velado e os decotes deixando ver aqueles seios cheios de estrias e flácidos por conta da precoce iniciação sexual, unhas enormes, cabelos caindo sobre o rosto. 
(desculpe mulher maravilha, mas não encontrei na net mulher como descrevi, teria que fotografar na rua...)
Realmente, assim não é possível entregar a chave da casa.
Voltando à Ana. Foi-me indicada por sua mãe que trabalhava como servente concursada, na Prefeitura onde eu era Secretária Municipal de Assuntos Jurídicos (cargo de confiança, sem estabilidade). Morava Ana com a mãe, duas irmãs, um irmão, o marido desempregado e um filho pequeno. Com o tempo passando, ele  conseguiu novo emprego (perdi o meu quando mudou o prefeito), iniciaram a construção de uma casa, infelizmente num bairro que hoje é dos mais violentos da cidade. Mas enfim, na família entre altos e baixos, nasceu mais um menino, hoje com sete anos, o mais velho terminou o segundo grau em 2011, passou nas provas do ENEM e hoje está trabalhando, com "carteira assinada" e só tem 17 anos.
 Grande orgulho para a família.
Ana é motorista habilitada, em sua casa não falta nada, hoje está comigo apenas aguardando a venda da "mansão". 
O emprego doméstico não está extinto nas cidades interioranas, está em extinção e é lamentável porque é trabalho digno, bem remunerado, com todos os direitos trabalhistas reconhecidos mas, as potenciais empregadas domésticas com idade para tanto, preferem ser "piriguetes" e lotar nosso amado Brasil com bolsistas, cotistas e outros "istas" que os políticos insistem em implantar para ser cada vez maior a massa de manobra.
Mas, o principal sobre Ana ainda não contei. Ela cuidou da minha mãe em seus últimos dias de vida, ia todos os dias à Casa Geriátrica, onde obriguei-me a internar a mãe, em razão da enfermidade que impediu-me de estar presente naquelas duas últimas semanas. 
Na partida, Ana segurou sua mão.
Então, ainda existem empregadas domésticas e, dependendo da minha vontade, na minha casa sempre haverá alguém, principalmente para passar roupas e limpar janelas, 
tarefas que detesto fazer, mas uma certeza tenho, 
igual a Ana, nunca mais. 

7 comentários:

  1. O mais importante é que você e a Ana têm uma amizade além da função de patroa/empregada, porque eu acredito que seja por amizade que ela seja tão querida com você e tenha sido com a vó Lilly. Eu já tive algumas quando meus filhos eram menores e até gostei muito de uma que era muito amorosa com os 2 mas eu vejo que cada vez menos as pessoas querem ser mensalistas, preferem ser diaristas e receber um salário maior. Ou querem ser manicure e depois de um tempo já querem ser cabeleireiras...
    Como você mora em uma "mansão" precisa de ajudantes mesmo! Pelas fotos parece que é uma casa imensa e com tantos peludos necessita de uma ajudante diária. Eu odeio cuidar da casa mas meu marido é muito exigente e quando tem outra pessoa limpando ele fica insuportável e eu prefiro eu mesma fazer e eu mesma levar as broncas...
    Eu já tive uma diarista bem jovem que vinha de salto alto e fazia a a limpeza de salto mesmo...
    Beijos
    Laís

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  2. Também detesto passar roupas. Sou capaz de fazer todos os trabalhos domésticos, devagar, um por dia, mas passar roupas eu odeio. Mas passo!
    Não tenho empregada. Aqui na cidade é coisa rara.
    Elas são unidas, trabalham apenas como diaristas (dá mais dinheiro!).
    Também moro em cidade pequena, mas não conheço sequer uma amiga ou vizinha que mantenha uma empregada mensalista, coisa rara!
    Voce está certa em manter a Ana, pessoas assim como ela são preciosas.
    Eu nao sei se gostaria de ter alguém o tempo todo em casa, sei lá, precisa estar acostumada, como você.
    Mas que é confortável eu não duvido, afinal, a sua casa é bem grande (a sua mansão!) e seria impossivel mante-la sozinha.
    e as meninas de hoje em dia estão mesmo muito estranhas, vestindo-se de maneira indecente e provocativa.
    Impossivel acolher alguém assim e ficar em paz.
    Beijos querida, vai agradando sua Ana enquanto der, rsrsrs.

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  3. O que percebo muito por aqui, é o fortalecimento na postura do "meus direitos, meus tempos", e um relaxamento nos MEUS DEVERES, uma certa prepotência, onde pensam fortemente que tais coisas não são de sua responsabilidade, não fazem parte do seu trabalho... E querem fazer cada vez menos. Em um estado onde as festas populares têm uma grande importância, onde os finais de semana e feriados são regados a muita cerveja, pagode, arroxa, samba, festas populares, se perde muito, as empregadas domésticas estão bastante inseridas nessa "cultura popular", e o serviço fica comprometido, há muitas faltas, folgas mais do que merecidas, exigidas e muitas vezes impostas, e quem mais precisa fica literalmente "na mão".

    As Anas são cada vez mais raridades, onde o respeito, consideração, amor e dedicação ao trabalho não são uma realidade, estão em último plano. Na verdade esta nova safra de profissionais acha que o trabalho não é digno e outras coisas são muito mais importantes.

    Beijos, querida.

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  4. Bet eu sou uma gatinha que tem lido alguns comentários e tenho gostado do que fala ,gosta de gatinhos e eu gosto de ter amigos .
    Vou a convida la para me ir conhecer
    Fico esperando sua visita
    Ronrons da
    Kika♥♥♥

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  5. Beth querida, aqui em São Paulo, das pessoas que conheço, a maioria só tem diarista, que vem uma a duas vezes por semana, porque 3 já caracteriza vínculo empregatício.
    Eu não conseguiria ter alguém sempre em casa, mas confesso que seria bom.
    Acho que este setor tende a desaparecer mesmo, porque é caro manter, os impostos são altos e , muitas vezes, realmente não sabemos quem colocaremos pra dentro de casa.
    Bjos pra ti e pra tua preciosa Ana que , a meu ver, já é parte da família.
    Vero

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  6. A Ana é um tesouro na tua vida, tenha certeza Beth, assim é difícil de encontrar, no interior é mais fácil, minhas irmãs tÊM empregadas domésticas, aqui, só diarista e olhe lá, difícil mesmo, querida, vc tem o tesouro que merece, beijos.

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  7. Eu acho que o mais sensato e correto,é,aprender a limparmos nossa própria sujeira.Se queremos ser um país civilizado ñ podemos deixar que outros façam isso por nós.Em um futuro bem próximo se quiserem alguém que lhes limpem a casa,vão ter que pagar muito caro.

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