"Onde reinam intenções honestas,
mal entendidos podem ser curados
com rapidez e eficácia."

3 de setembro de 2012

Einstein não teve computador. Nem Steve Jobs ou Bill Gates, quando guris.

Até o Nino resmungou ao ler o artigo postado no jornal Zero Hora do dia 2 de setembro de 2012  que transcrevo abaixo e que a meu ver contém algumas respostas para a postagem que fiz no dia 30 de agosto de 2012 em Escolham o Título.

Educar ou...
Flávio Tavares (jornalista e escritor)

   A vida tem três estágios - passado, presente e futuro - e, se algum deles falha, tudo pode vir abaixo. Lembro-me disto em função da campanha que este jornal e demais meios de comunicação da RBS lançaram no Rio Grande e em Santa Catarina - A Educação Precisa de Respostas. O lema obriga a indagar e a sonhar. Nunca é demais despertar para os sonhos e, neles, pensar e raciocinar para que o sonhado vire caminho para a realidade. Não há respostas, porém, sem debater e esmiuçar, concordar e discordar, opor opiniões, dissecar números.  E, mais ainda, observar com isenção, sem preconceitos, para o novo não virar velho.
   A ditadura da unanimidade, que ama o aplauso e odeia o debate, não tem resposta para nada. Menos ainda na educação, processo lento, iniciado ao nascer e que só se conclui na morte. Aprendemos sempre, em maior ou menor grau, até o suspiro final.
   Sim, pois a educação não está apenas na sala de aula. A escola é o fundamento e, durante séculos, foi a educação em si. A "instrução" abarcava o mundo do saber. Mas o mundo era tímido. As viagens, lentas, em ferrovia ou barco. O telégrafo era a rapidez máxima. Não havia  a ansiosa comunicação instantânea atual. Até a fala era comedida. Fora da escola, só as religiões formavam consciências e sem exigir pagamento...
   Este era o mundo de quando minha avó paterna, Malvina Hailliot, rebelou-se em Porto Alegre contra a palmatória na escola e a mandaram para o interior de Lajeado, "de castigo". Ou de quando em Estrela minha tia-avó materna, Idalina Porto, falava alemão para alfabetizar os alunos em português. Meio século após, em 1963, quando fui lecionar na Universidade de Brasília, o mundo começava a mudar.
   Hoje, a educação entra casa adentro, em cores, pela TV. Em vez de ideias ou conceitos, traz sons estridentes, música sem melodia, gritaria por aberrações ou escândalos. Ensina a beber cerveja e refrigerante. Anárquica mas direta, suplanta a escola convencional.
   Em palestras em universidades, pergunto sempre quem é o ministro da Educação. Chovem nomes e ninguém acerta! Todos riem quando digo que os "ministros" são o Sílvio Santos , a Xuxa, o Bial, o Faustão, a Gimenez, o Gugu e outros. E, além de todos, o Ratinho, que, ao ter voz é mais grotesco que o brutal MMA de socos e pontapés.
    A extravagância manda. Educa-se para o espetáculo grosseiro do gesto, fala ou ato. O absurdo da invencionice domina a internet e leva os jovens a propagar a mentira. Que poder tem a palavra do professor em aula, comparado ao ardor das futricas do Facebook e similares?
   A resposta estará em levar o computador à escola fundamental para "competir" com a internet?? Só dotar o ensino de novas tecnologias não difere muito de entregar um automóvel a uma criança de oito anos. Ou de considerá-la apta para casar-se ou iniciar-se sexualmente só por ter os órgãos genitais perfeitos e no lugar onde devem estar. O computador é um instrumento para quem sabe, não um fim em si. Primeiro, é preciso saber. Einstein não teve computador. Nem Steve Jobs ou Bill Gates, quando guris.
   Ontem, hoje e amanhã - educar ou perecer! Busquemos as respostas.

4 comentários:

  1. Nem me diga! Estes dias ouvi de uma colega de trabalho (que supostamente deveria ser elite pensante): [tal fato] é verdade, saiu no Fantástico!
    Sem mais...

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  2. O meu maior exemplo é o meu pai que estudou praticamente sozinho, falava inglês fluente, consertava tudo em casa, lia compulsivamente e escrevia sobre qualquer assunto com primor. E só no final de sua vida teve acesso a internet. Também vale dizer que ele odiava televisão, desde que eu era pequena ele era contra novelas e demais programas alienantes.
    Eu não posso falar muito porque sou a pessoa que mais usa internet aqui em casa, e este ano estou orgulhosíssima da minha filha que nunca gostou de estudar se dedicando com tanto entusiasmo à faculdade e fazendo cursos paralelos pensando no futuro, jamais pensei que isso fosse acontecer! Meu filho adora estudar e eu diria que é um legítimo herdeiro da inteligência do meu pai. Sou mãe coruja assumida!!!
    Mas por outro lado vejo tantos jovens que não querem saber de estudar ou trabalhar, é muito triste!
    Beijos
    Laís

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  3. Oi Beth, belíssimo texto, só posso aplaudir.
    as coisas estão ficando de um modo meio incontrolável, sei lá, ou sou eu que estou ficando velha e implicante?
    o sucesso da internet é incontestável, está aí, e nunca pensamos que seria tão bem aceita.
    juro, eu não acreditava que a internet ia ser tão bem assimilada, pelos jovens e velhos também.
    Já não dá mais para viver sem ela, mas, como sempre tem um mas...não podemos permitir que as crianças sejam tragadas por essa tecnologia atraente e deixem de estudar, ler, conversar, observar a natureza e principalmente brincar.
    não acredito que uma familia bem estruturada permita que seus filhos sejam engolidos pela net.
    mas (olha ele de novo!) muitas familias não são bem estruturadas, e aí é que mora o pergio.
    delicioso assunto, daria para ficar escrevendo um montão.
    Beijos querida, até mais.

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