imagem retirada do blog Anos Dourados |
Não gosto de carnaval. Pensando bem, nunca gostei. Lembro de um quando tinha 17 anos. Fui ao clube acompanhada por pai e mãe, de outra forma nem pensar. O outro, aos 18, passei numa cidade da serra, participando de um bloco, nada interessante. O terceiro, já viúva com dois filhos pequenos, passei quatro noites em claro, por força do trabalho, era secretária executiva do clube. Fora esses, carnaval nunca fez sucesso comigo.
Confesso que já admirei as festas carnavalescas do Rio de Janeiro, certamente pela arte das alegorias. Mas até isso já perdeu para mim o encanto. Considero dinheiro e esforço mal empregados.
Sobre o assunto, transcrevo abaixo,trechos do artigo postado hoje em Zero Hora, escrito por Antonio Augusto Fagundes.(ZH 12.03.2011 - Segundo Caderno).
"Carnaval e tradição"
As tribos carnavalescas estão agonizando em Porto Alegre. E quem usa ainda máscara, evocativas do "bal masqué" que até Shakespeare aproveitou em Romeu e Julieta? O sopapo característico do Carnaval de Pelotas resistiu porque pulou para as orquestras, mas a batida tradicional se perdeu. Marcava o ritmo do Carnaval gaúcho, diferente do carioca. Hoje, só Giba-Giba conhece a batida.
Que fim levaram as marchinhas, os sambas e as marchas-rancho com letra belíssima e música empolgante? Só sobrou A Jardineira, canção folclórica na origem registrada com "autores". Hoje só esse entediante rol de sambas-enredo, inexpressivos e repetitivos, com letras pobres e músicas indigentes, muito de enredo e pouco de samba.
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Não havia profissionalismo no Carnaval. Todos eram autênticos foliões que esperavam o fim do ano para o lançamento na rádio de marchinhas e sambas, muitos dos quais resistem nos bailes de salão: A Jardineira, Alalaô, Chiquita Bacana, Mamãe eu Quero. Acho que a última grande marcha carnavalesca foi Máscara Negra, do Zé Kéti. Brilhavam artistas como Chico Alves, Carmem Miranda, Orlando Silva, Dircinha e Linda Batista, Quatro Ases e um Coringa, Angela Maria e outros. Não havia escolas de samba, mas blocos e algum corso, dos blocos dos ricos."
O texto do "Nico" Fagundes segue, mas interessa mais a nós gaúchos, então omito.
Sinto saudades dos carnavais dos anos 20, 30, 40 e 50 do século passado. Epa! Como sentir saudade de algo que não vivi? Nem sempre é necessário presenciar para entender e gostar. Sou saudosa desses carnavais porque meus avós maternos e meus pais participavam dos festejos, conforme mostram as fotografias até hoje guardadas. (não encontrei as fotos dos carnavais)
Pessoas questionam, porque o dinheiro deste tipo de propaganda não é empregado noutras ações? A resposta está da ponta da língua de qualquer administrador público: "a verba existe e deve ser empregada, não se pode ser desviada a finalidade". Concordo, mas na elaboração dos orçamentos, municipal, estadual e federal, é só diminuir a verba de publicidade e aumentar noutras rubricas, ou, manter a publicidade mas direcioná-la, por exemplo para o controle da natalidade. Mas aí, diminuirá a massa de manobra e os votos onde irão?
Então, dá-lhe carnaval e enterrem-se os ossos!
Finalizando, deixo a letra da marchinha, dizem que a última dos antigos carnavais. Bandeira Branca de Max Nunes e Laércio Alves.
Bandeira branca (marcha/carnaval, 1970) - Max Nunes e Laércio Alves
Avô e Avó maternos e minha mãe em 1925 |
Não é carnaval mas o Papai Noel é meu pai! |
Ainda o sorriso se estampa no rosto da minha mãe quando olhamos aquelas antigas fotos e ela relembra as fantasias e as marchinhas presentes nas brincadeiras. Sim, naquela época existiam brincadeiras, hoje tudo é, ironicamente levado muito à serio, sendo necessária a intervenção do Ministério da Saúde gastando rios de dinheiro em marketing e distribuição de preservativos, porque carnaval transformou-se em sinônimo de (........), só encontro palavrões para nominar, deixo prá lá.
Já que toquei no assunto Ministério da Saúde, deixo aqui algumas "estampas" que, sinceramente deixam-me triste. Onde estão as famílias que permitem seus filhos até menores de idade necessitarem serem alvos dessas campanhas?
Então, dá-lhe carnaval e enterrem-se os ossos!
Finalizando, deixo a letra da marchinha, dizem que a última dos antigos carnavais. Bandeira Branca de Max Nunes e Laércio Alves.
Bandeira branca (marcha/carnaval, 1970) - Max Nunes e Laércio Alves
Bandeira branca, amor / Não posso mais pela saudade que me invade / Eu peço paz Saudade mal de amor, de amor / Saudade dor que dói demais / Vem meu amor Bandeira branca / Eu peço paz
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