"Onde reinam intenções honestas,
mal entendidos podem ser curados
com rapidez e eficácia."

24 de abril de 2012

Dentista, passado e presente

Nasci numa família de dentistas. Tio avô, avô e primos. Adorava brincar de "dentista" no gabinete (antigo nome dos consultórios) do Opa (diminutivo para avô em alemão), instalado na mesma sala onde hoje escrevo no blog,  ou seja, na Mansão.
Não tenho fotos da época, então ilustro 
com algumas retiradas da net.
Coloquei a foto abaixo para mostrar a cadeira portátil, dobrável que Opa usava quando ia para o interior do município, fazer trabalho voluntário para os colonos. Algumas vezes a mãe e eu fomos junto, era diversão pura. Sendo trabalho voluntário, óbvio que honorários não eram cobrados, mas, no porta malas do carro, junto da cadeira vinham produtos coloniais, às vezes até galinhas vivas.
O gabinete do Opa era mais ou menos como o da imagem a seguir.
Naquela época os dentistas faziam tudo o que hoje ainda é feito, desde restaurações, tratamentos de canal, chamados de "matar o nervo", e que deixavam os dentes numa tonalidade cinza escuro, extrações e também eram  eles quem faziam as próteses móveis,  chamadas de "pontes móveis" quando eram poucos dentes e "chapa" quando eram dentaduras completas.
Meu avô era famoso pelas "chapas" que fazia. Ficavam perfeitas, difícil acreditar que os dentes não eram naturais. Trabalhou muito com ouro, as pessoas adoravam ter alguns dentes de ouro para mostrar "status". Com ouro ele fez além de dentes, vários aneis para a família, pendentes (geralmente cruzinhas).
Os instrumentos, ou ferramentas como eram chamadas, também são os mesmos usados antigamente, agora, com muitos acréscimos e tecnologia. A esterilização ocorria na cozinha da casa, onde eram fervidos numa panela com água sobre o fogão à lenha.
Opa era um ser humano com  um coração do tamanho do mundo. Sofria junto com os pacientes. Quando alguém chegava com dores e era impossível trabalhar no dente, sendo a pessoa do interior, ele hospedava o paciente em casa, medicava até poder trabalhar. Muitas pessoas aqui ficavam, durante todo o tempo das extrações e confecção da "chapa".
Recordei hoje esses detalhes porque estou em pleno tratamento dentário, para repaginar o sorriso. Não apenas esteticamente, mas por necessidade. Sempre tive pavor de dentista, acho que por assistir às cenas que muitas pessoas faziam, o choro das crianças, os desmaios dos homens. Assim, meus dentes estão necessitando reparos urgentes, inclusive com quatro extrações. Um dente já foi embora hoje e dos outros me livrarei nos próximos dias. Muito bom ter um dentista jovem, atencioso e competente num consultório moderno e aconchegante. Mas a anestesia ainda é feita com aquela seringa mostrada acima igual a que meu avô usava. 
Segundo Dr. Rodrigo a agulha é dez vezes mais fina (mas dói). 

5 comentários:

  1. Eu também tenho pavor de dentista mesmo que a minha seja uma amiga querida e grande amante dos gatos! Adoro ir ao consultório dela só para conversar, e faço um esforço para cuidar bem dos meus dentinhos só para não ter que sofrer naquela cadeira!! Eu só acho que neta de dentista deveria ser mais corajosa!!
    Beijos
    Laís

    ResponderExcluir
  2. Ahhhh, pavor é pouco, hehehe. Já passei por várias cadeiras, desde as mais arcaicas até as mais modernas, aquele som característico da "broca" faz parte da minha memória. Mas confesso, sou a favor desta seringa, sempre!!!! Não suporto a dor e ela é muito bem vinda sempre.

    Beijos, querida e boa sorte no seu tratamento, que seja rápido e o menos indolor possível.

    ResponderExcluir
  3. Argh! Morro de medo de dentista e de broca!!!! Uixxxxx!

    ResponderExcluir
  4. Oi amada,adorei o texto e a história do seu avô, que linda história, os médicos antigos eram os paizões e esse acolhimento que teu opa dava era meio que normal naquela época, havia mais amor pelo jaleco branco, figurativamente falando,hehe,eu tive que tirar um dente essa semana,senti tannnnto nem foi dor,mas sentimento por perder, mas acontece...também estou me repaginando hehe,bjs Beth querida. Parabéns pelos posts,to me deliciando em ler.

    ResponderExcluir
  5. Beth, nem com consultório chique e música ambiente um dentista me convence a relaxar na sua cadeira. Detesto, com todas as letras, tenho péssimas lembranças e dentes mal tratados até hoje. Meu pai fazia uma caravana, saíamos da fazenda às pencas para ir ao mesmo dentista, no mesmo dia, o cara era um cavalo. Coisa horrível.
    Fiquei feliz que não s única a temer o bzzzzzzz da maquininha.
    Abraços

    ResponderExcluir